Análise: Enderson faz o que pode, mas Cruzeiro paga preço por incompetência pré-pandemia
O fim da linha para o Cruzeiro no Mineiro chegou muito antes do que qualquer um esperava no início do ano, mesmo com o processo intenso de reformulação. O time, de fato, só esteve mais encorpado neste retorno do calendário, mas a eliminação é o resultado de uma série de fatores mal conduzidos até março.
Enderson fez o que podia. A missão era difícil, e ele só tinha duas partidas. Venceu ambas. E, mais importante do que ter vencido, foi ter mostrado organização e ideias de jogo muito claras. Ele pagou o preço pela incompetência do Cruzeiro pré-pandemia.
O Cruzeiro iniciou a pré-temporada cercado por indefinições e recheado de desorganização. O homem forte do futebol cruzeirense era Pedro Lourenço, que contratou o amigo Alexandre Mattos para liderar o início de reconstrução do elenco. Quatro dias depois de assumir o cargo, no entanto, Alexandre fez as malas e pegou estrada, junto com Lourenço.
Ocimar Bolicenho, que seria auxiliado por Mattos na transição até maio, de repente se tornou o homem forte do futebol cruzeirense no mercado. E, tudo isso, já em meio à pré-temporada. A montagem do elenco, que já seria difícil em função dos aspectos financeiros, ficou ainda mais prejudicada.
Ocimar Bolicenho e Adilson Batista; Cruzeiro — Foto: Bruno Haddad
Adilson Batista preparava um elenco que contava com atletas que certamente não ficariam na Toca, como Rodriguinho, por exemplo. Em meio a tudo isso, ainda contava com “surpresinhas” de atletas entrando na Justiça para conseguir liberação. O resultado? Precisou completar treino com integrante da comissão técnica. Além disso, um time inteiro de garotos da base se apresentou ao profissional menos de uma semana antes da estreia. E não era só para fazer número. Era para jogar.
As primeiras contratações chegaram já com o Mineiro em andamento, e Adilson, claro, colocou a turma para jogar. Precisava de rodagem. É bem verdade que, individualmente, a maioria dessas peças não rendeu, mas Adilson também mostrou muita dificuldade para dar padrão ao time. A derrota para o Coimbra, que culminou na demissão do treinador, custou o avanço à semifinal. O adversário não tinha vencido um dos nove jogos sequer do Mineiro. Não dá para colocar na conta da reestruturação.
A diretoria de futebol teve muita culpa, principalmente pelas escolhas equivocadas no mercado. O conselho gestor fez o possível para manter em dia as contas, mas faltou tato com o futebol. A Adilson Batista não faltou boa vontade de ajudar os garotos, mas, tecnicamente falando, o trabalho foi ruim.
Conselho gestor do Cruzeiro — Foto: Divulgação / Cruzeiro
O Mineiro, de fato, nunca foi objetivo do Cruzeiro, ao qual só interessa o acesso à Série A. Mas ficar fora das semifinais é, sim, vergonhoso. A conta dos erros do passado chega até hoje e, certamente, chegará por muito mais tempo. Fato é que Enderson Moreira dá o alento de que, em campo, dá para minimizar os efeitos com organização. O Cruzeiro, hoje, inspira mais confiança de que brigará para voltar à elite.
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