Análise: Dorival pena para resolver problemas no ataque, mas Luciano se impõe
O nome de Luciano começou a ser gritado cedo pela torcida do São Paulo no segundo tempo do jogo contra o Cruzeiro. A relação do jogador com a arquibancada tricolor é próxima, mas a necessidade de tê-lo em campo era argumento bem mais convincente.
O São Paulo fez um primeiro tempo de pouco brilho no Morumbi. Parte pela escolha do técnico Dorival Júnior em começar o jogo com David, isolado, entre os titulares. O atacante, esforçado, foi um peso no setor, flagrado em impedimento várias vezes.
A ideia parecia preencher o meio para dar liberdade para James Rodríguez, que teve seus bons momentos principalmente na metade final da primeira etapa.
Convencido a colocar Luciano em campo, Dorival sacou James na mesma parada. Para o técnico, ambos disputam lugar, mas diante da falta de soluções no ataque tricolor desde que Calleri foi liberado para operar o tornozelo, é preciso flexibilizar.
– Hoje entramos com James, são dois jogadores praticamente na mesma função. Eles podem jogar juntos em alguns momentos, como já fizeram em outras situações, mas ele (Luciano) é importante para a gente, sabe da importância de tudo que realizou desde minha chegada aqui dentro – afirmou Dorival.
Fica claro, a cada partida em que testa Erison ou David, que eles não resolvem o problema do time. Ambos estão emprestados até o fim do ano e não devem ficar. Dorival admite usar Luciano como referência no ataque, mas indicou que dará mais chances aos atletas em fim de contrato:
– Pode ser (o Luciano como centroavante), fizemos algumas tentativas, nosso time sente muito a falta de um homem de referência e temos de ter uma definição em relação a Erison e David. Quero vê-los um pouco mais em campo, senão vou fazer uma avaliação totalmente errada de dois profissionais que merecem muita atenção, tiveram lesões muito sérias, fizeram um esforço para voltar e estão sendo importantes para nós.
Bom finalizador, ainda que tenha se tornado protagonista do São Paulo atuando um pouco mais distante da área, Luciano demonstrou que é decisivo. Bem colocado, marcou de cabeça o gol da vitória por 1 a 0 após ótima assistência de Alisson.
Tem sido assim nos três anos desde que chegou ao São Paulo, o que explica a relação que construiu com a torcida, mesmo que tenha deficiências e exagere em reações teatrais vez ou outra quando ouve algum apito dos árbitros.
Contra a equipe mineira, o São Paulo fez jogo ruim, mais um. Sofreu no começo, depois controlou, mas incomodou pouco Rafael – chegou a fazer um gol, com Alisson, anulado pelo VAR num impedimento milimétrico.
O segundo tempo foi pior. O Cruzeiro teve oportunidade de abrir o placar, acertou a trave de Rafael – que parece inseguro –, mas foi castigado ao não converter.
Luciano, na chance que teve, não perdoou. Demonstrou contrariedade ao comemorar de forma discreta, ao se recusar a dar entrevistas no final da partida.
Dorival terá uma semana para encontrar uma forma de testar James e Luciano juntos. Com 42 pontos na tabela, o rebaixamento não precisa mais ser tratado como uma ameaça real. Na próxima quarta, o São Paulo enfrenta o Bragantino, na Vila Belmiro, como mandante – o Morumbi estará alugado para shows.