Amortização de dívida milionária no Cruzeiro passa por venda de patrimônio, diz diretor-executivo
As reuniões do novo núcleo gestor do Cruzeiro, que assumiu o comando do clube, passam por busca de ideias para sanar o grande problema financeiro da entidade. Nos primeiros levantamentos, são R$ 700 milhões de dívidas que carecem de auditoria. A calamidade encontrada recebe um caminho de saneamento: liquidar alguns dos patrimônios da Raposa.
O CEO do Cruzeiro, Vittorio Medioli, cita que alguns imóveis só servem para gerar despesas e podem ser negociados, seja em vendas diretas ou em leilão. O executivo do clube chega a citar que a avaliação patrimonial chega a R$ 500 milhões. Em uma ação movida pela Fazenda Nacional contra o Cruzeiro, o clube, por exemplo, alega que a Toca da Raposa II – seu principal CT – está na casa dos R$ 120 milhões.
– Nesta massa falida do Cruzeiro, tem também os valores de imóveis. Alguns para nós são imprescindíveis, mas os outros poderão ser negociados. Aqui tem inclusive uma avaliação, não sei se é generosa ou não, mas que aponta R$ 500 milhões de imóveis. Não queremos dar calote. Mas pega esses imóveis que não são interessantes, e vamos colocar em leilão. Vamos propor uma liquidação dessa dívida com a venda de imóveis. E capitalizar uma nova empresa – afirmou Medioli, ao GloboEsporte.com.
Hoje, o Cruzeiro possui a sede administrativa do Barro Preto, as duas Tocas – Toca I e Toca II – e os clubes sociais – Cruzeiro Pampulha (antiga sede campestre), com a parte principal e um anexo; e o Parque Esportivo do Barro Preto (antigo Estádio JK). Em abril de 2019, o balanço patrimonial do Cruzeiro apontava estudo de duas empresas sobre os valores imobiliários do clube. A média foi de R$ 553,7 milhões.
Vista aérea da sede campestre do Cruzeiro, na Pampulha — Foto: Divulgação/Cruzeiro
Ainda dentro das reuniões do núcleo gestor, Medioli chegou a apontar a possibilidade de se fechar a Toca da Raposa I e transferir as atividades do futebol de base para o CT principal. A Toquinha teria custo anual superior a R$ 50 milhões.
– A ideia é fazer um Cruzeiro novo, uma S/A. Entretanto, temos um patrimônio que só gera despesa. Há um imóvel que gera um passivo de R$ 51 milhões por ano as atividades que estão lá dentro. Desfazendo deste imóvel, podemos receber um valor alto de R$ 80, R$ 100 milhões e corta R$ 50 milhões de despesa – completou o CEO.
Estatuto
O tema “venda de imóveis” já foi abordado pela gestão passada no Cruzeiro, em contexto diverso ao atual. Segundo o estatuto do clube, os bem imóveis da Raposa só podem ser alienáveis pelo Conselho Deliberativo, e mesmo assim precisaria de 9/10 de votos favoráveis. No mesmo artigo, porém, as sedes acima citadas são consideras impedidas de alienação, conforme o artigo 20 do documento que agrega as normas do Cruzeiro:
“VI – autorizar a alienação de bem imóvel do Cruzeiro Esporte Clube, excluídas as unidades que compõem o Parque Esportivo do Barro Preto, o Centro Administrativo, as Sedes Campestres, a Toca da Raposa I e a II, imóveis somente alienáveis em situação altamente vantajosa para o Cruzeiro Esporte Clube, mediante proposta aprovada por 9/10 (nove décimos) dos Conselheiros”.
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