Além do fator casa: rival do Brasil, França tem treinadora pioneira e base de time multicampeão
Está longe de ser o caminho mais simples. Muito pelo contrário. Antes mesmo do início do Mundial, a França já era apontada como uma das principais forças do torneio e como postulante ao título da Copa do Mundo. Adversária do Brasil nas oitavas de final, esse favoritismo vai muito além do fato de estar jogando em casa e com apoio intenso de seus torcedores.
Mas como se explica esse momento especial do futebol feminino na França? Há fatores que explicam isso. E eles estão dentro e fora de campo.
A França esteve em três edições de Copa do Mundo. O melhor resultado foi a quarta colocação em 2015. Mas mudanças estruturais no futebol local foram cruciais para que, desta vez, elas chegassem em outro patamar.
Olhar para base… e o Lyon como base
A federação francesa de futebol passou a olhar de forma mais atenta para as mulheres nos últimos anos. E isso não foi feito apenas pensando no curto prazo, por se ter uma Copa sediada no país. Houve um trabalho extenso na base e no fortalecimento da liga nacional
E esse fomento do campeonato local surtiu efeitos importantes, com times fortes que se tornaram referência no cenário mundial. Não por acaso o Lyon coleciona títulos e é o atual vencedor da Liga dos Campeões (tem quatro triunfos seguidos e seis no total). E a base da seleção francesa é formada justamente por atletas da equipe multicampeã.
Lyon comemora o título da Liga dos Campeões — Foto: Reuters / Darren Staples
Técnica que rompeu barreiras no país
A técnica da seleção francesa também é um capítulo à parte que merece destaque. Aos 44 anos, Corinne Diacre é uma figura tratada com destaque no país. Ex-atleta, ela jogou pelas Bleues 121 partidas e marcou 14 gols. Foi capitã da equipe francesa que disputou a primeira Copa, em 2003.
Mas ganhou ainda mais destaque quando quebrou paradigmas: foi a primeira mulher a treinar um time masculino na França, ficando no comando do Clermont Foot Auvergne 63, da Ligue 2, por duas temporadas. Na seleção feminina, Diacre é unanimidade entre atletas e opinião pública, que valorizam seu trabalho consistente nos últimos dois anos.
Corinne Diacre no comando da seleção da França — Foto: REUTERS/Eric Gaillard
Amandine: a craque delas
Apesar de um conjunto forte, a França também tem sua craque. E ela atende pelo nome de Amandine Henry. Um dos muitos destaques do Lyon, ela esteve entre as finalistas ao prêmio de melhor do mundo na Fifa do ano passado – vencido por Marta.
Meia de intensidade e qualidade, ela joga tanto avançada perto do ataque, quando centralizada. Nos jogos da França, ela atua como motor do time rumo ao ataque. Outro nome que merece destaque é a atacante Le Sommer, que também atua pelo Lyon.
Amandine Henry em ação na Copa do Mundo 2019 — Foto: REUTERS/Stephane Mahe
A experiente Renard
Apesar da posição na defesa, ela esteve entre as melhores do mundo em 2018. Wendie Renard é experiente em grandes competições e uma referência tanto da seleção francesa quanto do Lyon. Também faz gols (tem dois já marcados na Copa de 2019). Aos 28 anos, ela é dona de uma técnica de chamar a atenção. Tem frieza para afastar o perigo e categoria na saída de bola.
Por outro lado, marcou um gol contra pra lá de esquisito na primeira fase da Copa do Mundo, diante da Noruega. Detalhe: o único gol sofrido pela França no Mundial.
Wendie Renard festeja gol pela França — Foto: REUTERS/Christian Hartmann
E claro, a torcida. Franceses abraçaram o time e a Copa
Os franceses compraram o barulho. Esgotaram entradas para dez jogos antes mesmo do Mundial começar. Para partidas da França. não sobrou nenhum. Com campanha intensa de divulgação antes do início da competição, mobilizaram e levaram clima de festa aos jogos da sua seleção.
O Brasil vai encarar casa cheia e uma pressão de 90 minutos. Terá que fazer ainda mais do que fez na primeira fase para conseguir seguir no Mundial.
Torcida francesa e o clima de festa nas arquibancadas — Foto: REUTERS/Christian Hartmann
Brasil nas oitavas
A partida contra as donas da casa está marcada para domingo, às 16h (de Brasília), em Le Havre.
O Brasil teve uma primeira fase irregular com uma vitória tranquila sobre a Jamaica por 3 a 0, uma derrota amarga para a Austrália por 3 a 2, depois de ter aberto dois gols de vantagem, e uma classificação suada ao bater a Itália por 1 a 0. As brasileiras ficaram atrás das italianas por causa do saldo de gols e das australianas por conta dos gols pró.
Apesar da terceira colocação no Grupo C, as comandadas de Vadão foram melhores que algumas equipes que ficaram na vice-liderança de suas chaves. No geral da fase de grupos, o Brasil ficou com a nona melhor campanha.
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