Jorge Sampaoli e seu perfil obsessivo indicam que Cazares não fica no Galo
Para entender como Jorge Sampaoli é um treinador obsessivo pelo trabalho, não é preciso voltar no tempo e lembrar da história em que, expulso do banco do Alumni, Sampaoli subiu numa árvore do lado de fora do estádio para dar instruções a seu time. Basta conhecer sua trajetória nos últimos dois meses na Cidade do Galo. Mesmo sem treinos nem jogadores para instruir, o treinador argentino visitou o centro de treinamento do Atlético todos os dias da pandemia.
Depois da volta aos treinos individuais, duas semanas atrás, Sampaoli passou a chegar à Cidade do Galo às 6h30 da manhã. O telefone do diretor-executivo Alexandre Mattos toca de manhã, de tarde e de noite. Das cobranças por reforços às perguntas sobre o comportamento dos jogadores.
Sampaoli não para. Em março, afirmou ter um problema por começar a trabalhar da estaca zero em março. Hoje, está claro que começará do zero, quando o futebol voltar a ser jogador regularmente, mas com todos os outros times também recomeçando do início. Até mesmo o Flamengo, que terá de voltar ao ritmo normal depois de quase três meses de paralisação.
O técnico argentino quer e terá jogadores de seu perfil. Estão quase sacramentadas as contratações dos meias Léo Sena, do Goiás, e Allan Franco, do Independiente del Valle. São meio-campistas completos, capazes da marcação, da criação, da participação em todos os momentos das partidas. Cazares não é assim. Está fora.
No início do ano, o Atlético recebeu proposta de US$ 3 milhões do Oriente Médio por Cazares. O clube pediu pelo menos US$ 4 milhões limpos para o Atlético. Hoje, é consenso que deveria ter sido vendido.
Ninguém determinará que o meia equatoriano está fora dos planos de Jorge Sampaoli. Mas está. É informação de quem convive com o técnico argentino, mas bastaria voltar no tempo e perceber como o treinador se comporta com jogadores do mesmo tipo de Cazares. No Santos, pediu a contratação de Cueva. Depois de dois treinos e do descompromisso com as palestras, determinou que o peruano não jogaria sob seu comando.
Treino do Atlético-MG com Sampaoli — Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG
Já é o mesmo pensamento com Cazares. Em dois meses de pandemia, o mesmo período sabendo que Sampaoli será seu técnico, Cazares furou a quarentena para jogar uma pelada na região metropolitana de Belo Horizonte, deu festa proibida pelas regras de confinamento, foi por isso multado pela prefeitura da cidade onde reside e contraiu Covid-19. Deste último episódio, ele poderia ser vítima e não vilão, se não tivesse todo o comportamento anterior.
Cazares fez tudo isso, enquanto Sampaoli passava todos os dias pela Cidade do Galo, para observar relatórios, ver vídeos, saber do comportamento de seus atletas. Cazares não é atleta, como ele próprio disse em conversa com um torcedor que o abordou na rua. Sampaoli sabe disso. Obcecado pelo trabalho em alto nível como é, o técnico argentino não trabalhará com o meia equatoriano.
É apenas questão de tempo para a informação se tornar visível.
Ge