Goleiro da seleção, Ivan lamenta adiamento dos Jogos
Em janeiro de 2018, Ivan era apenas mais um jovem goleiro que sonhava ser titular de um time, depois convocado para a seleção brasileira e então cobiçado por grandes clubes. Um ano e meio depois, tudo isso e mais um pouco aconteceu na vida do jovem que viu sua vida mudar radicalmente após trocar a base do Guarani pela da Ponte Preta e assumir a vaga de titular deixada por Aranha. Hoje, Ivan é um dos goleiros mais promissores do futebol nacional.
O grande momento da sua carreira poderia ser em Tóquio, durante a Olimpíada. Ele era o mais cotado para ser titular do time comandado por André Jardine, mas o novo coronavírus fez com que o sonho do garoto nascido em Piracicaba fosse adiado, mas não cancelado. “Bateu uma tristeza sim (adiamento dos Jogos), porque a gente esperava muito essa competição, tivemos uma preparação para isso, mas sabemos que não temos como mudar essa situação. Preciso continuar trabalhando forte para que no ano que vem eu tenha essa oportunidade novamente”, disse o goleiro, em entrevista ao Estado.
Clubes da França e de Portugal, além de grandes do Brasil já tentaram tirá-lo da Ponte Preta. Corinthians, Grêmio e Palmeiras o sondaram, mas ele continua na equipe de Campinas e garante não ter pressa para seguir em frente. “Por enquanto eu me preocupo só com as quatro linhas, deixo essa parte de especulação ou algo do tipo para meus empresários cuidarem. Minha cabeça está voltada ao Campeonato Paulista e à Ponte Preta”, assegurou o jovem que chama a atenção desde sua estreia como titular.
O primeiro jogo de Ivan como titular foi em 17 de janeiro de 2018, quando a Ponte Preta derrotou o Corinthians, de Tite, por 1 a 0. Detalhe: Ivan pegou um pênalti cobrado por Jadson e deixou o estádio como o melhor em campo. Daí em diante, foi só alegria, completada com a convocação para a seleção brasileira em 16 de agosto de 2019, para amistosos contra a Colômbia e o Peru.
“Deu para assimilar tudo que aconteceu sim. Foi um turbilhão de coisas, mas já dá para ter uma noção. Sempre trabalhei para ter o melhor desempenho, seja nos treinamentos ou nos jogos. Faço o melhor para colher o melhor, então acredito que esse reconhecimento seja fruto de muito trabalho e muita coisa boa está por vir”, explicou o goleiro, que passou as últimas semanas em uma chácara na cidade de Piracicaba com a família.
O desafio nas últimas semanas foi manter o treino forte, sem desanimar com o adiamento da Olimpíada e com o fato de não saber quando voltará a jogar. “Consigo fazer alguns tipos de trabalho sim. Procuro fazer acompanhado por uma pessoa só para chutar a bola em minha direção. A Ponte tem colaborado com os treinos a distância, mas aquela intensidade de treino no CT com os companheiros eu estou sentindo muita falta”.
Ivan tem visto a discussão sobre o retorno do futebol brasileiro. Ele espera que os responsáveis tenham cautela para saber o momento certo de mandar os atletas novamente para os gramados. “Esse é um assunto sério e delicado. Caso tenha algum risco para as pessoas envolvidas, seja nós, funcionários ou torcida, as autoridades não vão liberar. Então quando tudo estiver certo, a gente vai entrar em campo com mais tranquilidade e sem medo de contaminação, pensando somente no futebol”, opinou.
Como a Federação Paulista de Futebol e os clubes já informaram que o Paulistão terá continuação, Ivan já retornará em um grande desafio. A Ponte é a última colocada do Estadual e estaria rebaixada neste momento. A equipe aparece com sete pontos, seguido por Botafogo (8), Oeste, Água Santa e Ituano (todos com 10). Os dois piores cairão. E restam apenas duas rodadas para o fim.
“Acredito que a gente sairá dessa situação. Precisamos voltar com tudo. Todos sabemos das qualidades dos jogadores da Ponte”, disse, mostrando confiança que, inclusive, sua ascensão não seria prejudicada com uma queda no Estadual.
Um fato curioso e até certo ponto engraçado que poderia ter mudado a vida de Ivan é que ele era um goleiro que, por incrível que pareça, tinha medo de levar bolada. Algo que foi um problema para ele no passado, hoje é motivo de risada. “Eu tinha um pouco de medo de chute de curta distância, à queima-roupa. Aí teve um dia que o meu preparador de goleiros amarrou minhas mãos para atrás e fez eu defender sem as mãos (risos). Depois desse dia, não tive mais problemas”, contou.
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