É fake: álcool em gel não é capaz de causar incêndio se exposto ao Sol, dentro de carro
Uma publicação nas redes sociais alertando sobre a possibilidade de incêndio em caso de esquecimento de frascos de álcool em gel — um dos produtos mais usados em tempos de pandemia de Covid-19 — dentro de veículos tem preocupado a população. O relato de um suposto motorista detalha que ele teria estacionado o carro em um local exposto ao Sol e, após 30 minutos, encontrou parte do automóvel em chamas. Veja na íntegra:
Apesar do poder inflamável do produto com concentração de 70% de álcool etílico, a perita criminal da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Camila Guesine afirma que esse não seria o motivo do incêndio no veículo. “Para o álcool em gel entrar em alta combustão, é preciso que ele seja aquecido a 300ºC, ou que entre em contato com uma faísca. Mesmo ficando exposto muito tempo ao Sol, sozinho, não atinge essa temperatura”, explicou a também engenheira eletricista.
Além disso, a imagem (da postagem) mostra que apenas a tampa do frasco foi consumida pelo fogo, e o conteúdo (o álcool) ainda está nele. Se houvesse uma combustão, não sobraria nada do álcool em gel”, observou Camila.
Para a especialista, é possível que outra parte do veículo tenha sofrido um curto-circuito e provocado as chamas. “Muitas vezes, as pessoas instalam som automotivo que não é o mesmo de fábrica e, nesse processo, não fazem o isolamento correto dos fios. Se um deles entrar em contato com uma parte metálica, pode gerar uma chama”, revelou a perita.
“Sempre que fazemos uma perícia de incêndio, olhamos o sentido de propagação do fogo para poder procurar a origem. Só de olhar o câmbio desse veículo, você percebe que os danos não estão no sentido de onde está o álcool em gel para o câmbio, e sim mais lateralizado. Então, tudo indica que foi essa gambiarra elétrica que causou o fogo”, completou Camila, que fará testes em laboratório para comprovar a impossibilidade de o produto pegar fogo apenas com a incidência solar.
Confira dicas da perita criminal para evitar acidentes com álcool em gel em casa:
Texto: Agatha Gonzaga
Fonte:Correiobraziliense