Vencedora do Emmy, ‘Malhação: Viva a Diferença’ retorna à Globo
Vencedora do Emmy Kids Internacional 2018, “Malhação: Viva a Diferença” (2017-2018) retorna à Globo, em versão especial, nesta segunda-feira (6). Primeira temporada da novela juvenil ambientada em São Paulo, a trama de Cao Hamburger conta o drama das amigas Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski).
Durante uma pane do metrô paulista, Lica, Ellen, Tina e Benê se veem presas no mesmo vagão em que Keyla entra em trabalho de parto. O nascimento da criança marca o vínculo entre essas cinco garotas de raízes, vivências e personalidades distintas: uma rica de estilo alternativo, uma hacker da periferia, uma rebelde e artista sansei, uma tímida e solitária que quer muito ter amigas e uma mãe adolescente.
Elas formam as Five, que recentemente virou um spin-off do Globoplay. A série “As Five”, que deve estrear no final do primeiro semetre deste ano, vai mostrar as cinco jovens mais velhas e em conflitos adultos. Na história, o salto será de seis anos. Para as atrizes, esse novo universo é motivo de empolgação, por ser mais próximo do momento que elas próprias estão vivendo, mas também gera um pouquinho de preocupação, por terem que “envelhecer” as personagens, sem deixar que elas percam a essência.
Cao Hamburger afirma que produzir a 25ª temporada de “Malhação” em São Paulo possibilitou representar um microcosmos do Brasil em toda sua pluralidade. “São Paulo tem a ver com o conceito de diversidade do povo brasileiro e é uma metrópole que tem a caraterística de ter pessoas de backgrounds diferentes. Também queria que tivesse um multiprotagonismo.”
Diretor artístico da temporada, Paulo Silvestrini relembra que ter mais de uma protagonisa na história fez com que a trama não fosse centrada em apenas um universo, mas contemplou outras tribos e formas de olhar as questões jovens e contemporâneas. “Ela fala do encontro de cinco universos distintos, um vínculo que independe das afinidades. Elas percebem não ser fácil, mas muito enriquecedor conviver e confrontar as diferenças.”
Os conflitos, que variam desde gravidez na adolescência a abandono parental, fugiu do comum das tramas construídas para “Malhação”. Em vez de focar em um romance tradicional, o amor das cinco amigas tomou conta do enredo.
Ana Hikari não esconde a felicidade em estar de volta com a novela exibida há três anos. “Fiquei muito feliz e empolgada, porque é um projeto que discute temas importantes para a sociedade.” Na história, Tina vive uma paixão proibida por Anderson (Juan Paiva).
Em entrevista ao Gshow, a atriz diz acreditar que o modo como Tina encara o amor é bem diferente de a sua visão particular. “A maneira dela enxergar os relacionamentos é muito diferente (ela é super romântica, eu sou muito desapegada). Ela também é bem ligada em moda e roupas, além de ser um tanto convencida (quase se acha), entre outras coisas.”
Manoela Aliperti, a Lica, também diz que será um será um prazer rever “Malhação”, porque foi uma temporada que abordou vários assuntos expressivos socialmente. “Foi muito importante fazer parte de um projeto que trata de assuntos tão importantes como empoderamento feminino, discriminação racial, preconceitos, pois pude contribuir para um trabalho que foi relevante tanto para mim, quanto para as pessoas que assistiram na época.”
Gabriela Medvedovski, intérprete de Keyla, que deu vida à mamãe de primeira viagem, afirma que fazer a estudante lhe proporcionou uma verdadeira revolução na sua vida. “Cresci e amadureci muito, tanto pessoalmente quanto profissionalmente.”
A atriz disse ainda que a novela juvenil trouxe desafios que “eu nunca tinha passado e me deu ferramentas para enfrentar outros que ainda vão surgir”. “Foi um ano inteiro de muitas experiências e eu, com certeza, saí uma pessoa diferente daquela que entrou lá no início”, relembrou Medvedovski ao Gshow.
“Ellen é meu xodó. Forte como uma rocha e, por dentro, sensível como uma flor. Ela me desafiou tanto, por falar de questões que eu também vivi, mas com outros pontos de vista. Me fez crescer”, disse a atriz Heslaine Vieira. Na história, Ellen é moradora da periferia e não mede esforços para realizar seus sonhos através dos estudos.
Outro destaque da história de Cao Hamburger é a atuação da atriz Daphne Bozaski, que interpreta a jovem autista Benê, e aos primeiros beijos entre pessoas do mesmo sexo, desde selinhos em um beijaço até o romance entre Lica e Samantha (Giovanna Grigio).
“Além de falar sobre tolerância e a riqueza que existe na convivência das diferenças, falamos sobre a adolescência, os problemas com a família, os problemas com eles mesmos. Mostramos como nossos personagens vivem as angústias e os descobrimentos desse momento da vida, que é muito rico e, ao mesmo tempo, conturbado”, explica Cao Hamburger, sobre a diversidade.
“Foi um marco na minha carreira. Além da Benê ter sido uma personagem desafiadora por estar no espectro autista, foi a minha primeira novela e ganhamos o Emmy Internacional Kids. Com certeza foi um trabalho muito importante”, diz a atriz Daphne Bozaski ao Gshow.
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
O retorno de “Malhação: Viva a Diferença” ocorre em decorrência da suspensão das gravações do núcleo de dramaturgia da Globo devido ao avanço do novo coronavírus no Brasil. A emissora estava preparando a estreia da nova temporada, “Malhação – Transformação”, quando decidiu parar a produção para evitar o contato físico, estratégia considerada fundamental para conter a expansão do vírus.
“Não há novelas sem abraços, apertos de mãos, beijos, festas, cenas de briga, cenas de amor, cenas de carinho, tudo aquilo que reflete a vida real, mas que, hoje, não pode ser encenado em segurança. Interrompendo as gravações, protegemos nossos talentos e, ao mesmo tempo, a sociedade: evitando o contágio aqui, evitamos que ele se espalhe lá fora. O nosso primeiro compromisso é com a saúde de nossos colaboradores e do público”, informou a emissora, em comunicado.
A mudança também afetou outros folhetins, como “Amor de Mãe”, “Salve-se Quem Puder” e “Malhação: Toda a Forma de Amar”, que teve que ser encurtada pelo autor Emanuel Jacobina. Ao lado do supervisor artístico Carlos Araújo e do diretor artístico Adriano Melo, Jacobina decidiu que os protagonistas Pedro Novaes (Filipe) e Alanis Guillen (Rita) narrariam o final dos personagens no último episódio, além de abordarem questões de saúde pública na narrativa -tema presente neste momento de quarentena.
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