Desde o rebaixamento, Cruzeiro acumula 10 ações trabalhistas relacionadas ao futebol; pedidos iniciais superavam R$ 100 milhões
Assim que o Cruzeiro teve o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro decretado, o torcedor celeste passou a conviver com uma realidade inédita no futebol. E passou também a acompanhar com frequência a divulgação de processos trabalhistas contra o clube. Sem cumprir as obrigações previstas nos contratos, o Cruzeiro viu o número de ações aumentar. De dezembro de 2019 a fevereiro de 2020, já são 10 causas trabalhistas, relacionadas a integrantes do futebol profissional, impetradas nas varas do trabalho de Belo Horizonte.
Ao todo, os pedidos feitos pelos reclamantes superam R$ 116 milhões – veja quadro ao fim do texto. É bom deixar claro, que são quantias pleiteadas e não de condenações ao clube. Todo processo tem seu curso natural, com audiências e sentenças proferidas pelos juízes, nas quais os valores podem ser menores. Além disso, acordos podem ser fechados, encerrando a discussão judicial. E alguns já foram feitos.
Thiago Neves deixa audiência na Justiça do Trabalho — Foto: Gabriel Duarte
O primeiro processo, após a queda do time, é de Thiago Neves, que acionou a Justiça no dia 17 de dezembro. O meia pede R$ 16,4 milhões. Na primeira audiência, o jogador fechou um acordo com o Cruzeiro. Conseguiu a liberação dos direitos federativos para buscar novo clube. A discussão das cobranças trabalhistas, no entanto, prossegue, com nova audiência marcada para março.
Outras ações vieram, casos de David, Éderson e Fabrício Bruno. O trio também fez uma composição com o Cruzeiro. Porém, optaram pelo arquivamento dos processos. Caminho também adotado por Nelson Simões e Fábio Moreno, ex-integrantes das comissões técnicas de Rogério Ceni e Abel Braga, respectivamente.
Fabricio Bruno também processou o Cruzeiro, mas fechou acordo com o clube — Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Um sexto acordo também foi fechado. O goleiro Rafael cobrava, além da rescisão contratual, débitos na casa dos R$ 9 milhões. Em uma audiência que durou aproximadamente duas horas, o goleiro e o clube se entenderam. O contrato foi rescindido, e um acerto financeiro firmado.
Outros ex-integrantes de comissões técnicas também processaram o clube. Sidnei Lobo, auxiliar de Mano Menezes, e Eduardo da Silva, preparador físico que acompanhava o técnico no Cruzeiro, pedem, cada um, cerca de R$ 1 milhão.
Uma das ações mais impactantes é a do atacante Fred. O jogador e o clube tentaram chegar a um acordo amigável para o pagamentos de atrasados e a rescisão contratual. Sem acerto, Fred decidiu processar o Cruzeiro. Os pedidos chegam a R$ 75 milhões.
Fred pede R$ 75 milhões na Justiça — Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Ele pede a rescisão do vínculo. Além disso, cobra multa por quebra de contrato, salários não pagos desde outubro, 13º salário, parcelas não pagas de direito de imagem, recolhimento de FGTS, e reembolso da multa contratual a ser paga ao Atlético-MG, consequência da transferência do jogador entre os rivais. Fred conseguiu uma liminar e foi liberado para se transferir para outro clube. O mérito da ação ainda será julgado.
Processo trabalhistas contra o Cruzeiro entre dezembro e fevereiro
Profissionais | Valor pedido (aproximadamente) | Situação |
Fred | R$ 75 milhões | Audiência marcada |
Thiago Neves | R$ 16,4 milhões | Rescindiu, mas cobra valores na Justiça |
Rafael | R$ 9 milhões | Acordo feito |
David | R$ 8,4 milhões | Acordo feito |
Fabrício Bruno | R$ 3,5 milhões | Acordo feito |
Éderson | R$ 2 milhões | Acordo feito |
Sidnei Lobo | R$ 1 milhão | Audiência marcada |
Eduardo da Silva | R$ 1 milhão | Audiência marcada |
Fábio Moreno | R$ 450 mil | Acordo feito |
Nelson Simões | R$ 69 mil | Acordo feito |