Análise: Atlético-MG tem seu maior vexame na Copa do Brasil e inicia 2020 nas trevas
Vergonha, prejuízo esportivo e financeiro, tristeza, constrangimento, momento de luto. O Atlético-MG passou por um dos seus maiores vexames em quase 112 anos de história ao ser eliminado para o Afogados, de Pernambuco, na segunda fase da Copa do Brasil. Com certeza, foi a eliminação mais inaceitável nas 32 edições em que o clube participou. Santo André (2004), Ceará (2005), Grêmio Prudente (2011) ficam no chinelo. O efeito catastrófico foi a saída do diretor de futebol Rui Costa, do gerente Marques, e do técnico Rafael Dudamel, assim como sua comissão técnica.
Em menos de uma semana, o Atlético deu adeus à metade das competições que disputará (disputaria) na temporada. Agora, sem Sul-Americana e Copa do Brasil, resta a obrigação de vencer o Campeonato Mineiro – com o rival Cruzeiro em reconstrução pós-rebaixamento – e tentar surpreender no Brasileirão no segundo semestre. Pelo andar da carruagem, será preciso uma reviravolta interna para que o tenebroso início de 2020 não se transforme em mais um ano para ser esquecido no Galo.
A gestão de Sérgio Sette Câmara fica ainda mais questionada, com eliminações precoces e dolorosas – foi assim em 2018, saindo para a Chapecoense nos pênaltis na Copa do Brasil (e quase caindo perante o Atlético-AC na estreia), e sendo eliminado para o San Lorenzo na primeira fase da Sul-Americana. Aconteceu de novo em 2019, perdendo para o Cruzeiro (em franca crise política, econômica e futebolística) na Copa do Brasil, além de ser impedido de disputar a final da Sul-Americana em derrota nos pênaltis para o Colón.
Se os jogadores merecem todas as críticas por não conseguirem apresentar o mínimo de futebol exigido em um clube de Série A enfrentando um time de Série D em mata-mata, a diretoria do Atlético (agora desmontada) tem muito o que fazer para, principalmente, retomar a aproximação com a torcida. Em um ano de eleição, então, tudo fica mais latente. Hoje, não é exagero dizer que há uma panela de pressão em fogo alto na Cidade do Galo.
E as perspectivas não são boas. O que esperar do Atlético no Campeonato Brasileiro no qual o Flamengo, atual campeão, já ergueu taças no mesmo período que o Galo acumula duas eliminações? O plano mais positivo seria um lugar direto na fase de grupos da Copa Libertadores. Há muito caminho até lá, mas algumas rotas parecem ser já conhecidas.
O trabalho de Rafael Dudamel foi ruim, contestável, passivo de críticas e, com resultados catastróficos, chegou ao fim. Um contrato assinado por dois anos, no qual nem dois meses foram concluídos. Restará ao novo treinador, capitaneado por um novo diretor, cumprir a obrigação de vencer o Mineiro. A mesma obrigação que existia na Copa do Brasil, mas que o sertão de Pernambuco já tratou de afogar.
As eliminações do Atlético na Copa do Brasil
ANO | ALGOZ | FASE |
1989 | Goiás | Quartas |
1990 | Goiás | Quartas |
1991 | Criciúma | Oitavas |
1992 | Criciúma | Oitavas |
1993 | Não disputou | Não disputou |
1994 | Vasco da Gama | Quartas |
1995 | Vasco da Gama | Quartas |
1996 | Palmeiras | Oitavas |
1997 | Corinthians | Oitavas |
1998 | Paraná | Oitavas |
1999 | Bahia | 2ª fase |
2000 | São Paulo | Semifinal |
2001 | Goiás | 2ª fase |
2002 | Brasiliense | Semifinal |
2003 | Sport Recife | Quartas |
2004 | Santo André | 2ª fase |
2005 | Ceará | Quartas |
2006 | Flamengo | Quartas |
2007 | Botafogo | Quartas |
2008 | Botafogo | Quartas |
2009 | Vitória | Oitavas |
2010 | Santos | Quartas |
2011 | Grêmio Prudente | 2ª fase |
2012 | Goiás | Oitavas |
2013 | Botafogo | Oitavas |
2014 | Campeão | Final |
2015 | Figueirense | Oitavas |
2016 | Grêmio | Final |
2017 | Botafogo | Quartas |
2018 | Chapecoense | Oitavas |
2019 | Cruzeiro | Quartas |
2020 | Afogados-PE | 2ª fase |