Conselheiros do São Paulo recebem email com tentativa de extorsão
Na manhã desta quinta-feira (21), os conselheiros do São Paulo receberam um email titulado “bastidores do poder”, pedindo R$ 1 milhão para evitar o vazamento de “todos os arquivos” do clube.
A mensagem, a qual a reportagem teve acesso, é assinada por um suposto Edward Lorenz, demanda uma resposta até o próximo domingo (24) e se despede ironicamente: “Como vocês dizem: saudações tricolores”.
Conselheiros ouvidos pela reportagem dizem que não fizeram boletim de ocorrência, mas estudam se alguma ação deve ser tomada para identificar a origem da mensagem. Eles preferiram não se identificar, com receio de serem envolvidos em debates sobre a autoria do fato.
Sobre o teor dos documentos, acreditam que sejam relativos à gestão Carlos Miguel Aidar, por exemplo, sobre o caso envolvendo a venda do zagueiro Iago Maidana, que é investigada pelo Ministério Público por suposta irregularidade, ou acerca da briga do então presidente com seu vice, Ataíde Gil Guerreiro.
O email contém anexado alguns documentos, como o estatuto do clube e partes do processo, que corre em segredo de Justiça. As informações contidas ali, ainda segundo conselheiros, não são novidade.
“Desejo que o hacker que fez essa pretensa chantagem divulgue todos os documentos que diz ter, assim eliminamos qualquer suspeita”, disse Newton Ferreira, conselheiro e um dos líderes de oposição ao presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
Edward Lorenz, que “assina” o email, é o nome de um matemático e filósofo dos Estados Unidos, famoso por ter criado a teoria do efeito borboleta, uma das bases, por exemplo, da teoria do caos. Ele morreu em 2008, aos 90 anos.
Procurado, o São Paulo não se pronunciou sobre o assunto.
O caso Maidana é de responsabilidade do Ministério Público do Estado de São Paulo, que em 2016 determinou a instauração de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal) junto ao Gedec (Grupo de
Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel e Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos) para investigar irregularidades referentes à gestão de Carlos Miguel Aidar, ex-presidente do São Paulo, que renunciou ao cargo no final de 2015 após uma sequência de escândalos envolvendo seu nome.
Na época, Aidar foi acusado pelo seu então vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, de oferecer comissão indevida em transações de jogadores, além de ter envolvimento na compra superfaturada do zagueiro Iago Maidana pelo São Paulo por R$ 2 milhões em 2015, e que envolveu a participação de investidores, prática proibida pela CBF.
O então jogador do Criciúma foi comprado pela empresa Itaquerão Soccer por R$ 800 mil (segundo o clube catarinense, o valor seria R$ 400 mil), que o registrou no Monte Cristo, que disputava a terceira divisão goiana. Depois, Maidana teve 60% dos seus direitos econômicos vendidos ao São Paulo por R$ 2 milhões.
Ataíde chegou a gravar uma conversa privada entre os dois para basear suas denúncias. O clube foi multado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
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