Opinião Jogo Aberto – 30 de Outubro de 2019
Polêmica.
O presidente Jair Bolsonaro precisou pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal e a outras instituições por causa de uma postagem que ele disse que não é dele. No vídeo, Bolsonaro é retratado como um leão velho e enfraquecido atacado por hienas.
As hienas do vídeo tem um ícone em cima com nome de instituições como: CUT, PT, OAB, CNBB, STF, coisas assim. Depois o leão é salvo por um leão jovem chamado “conservador patriota”, talvez filho do leão velho, e espanta as hienas.
Pense bem: “isso não é de Bolsonaro”. Pelo temperamento dele, ele não se retrataria como um leão velho e fraco. Foi alguém que fez isso. E até de modo grosseiro e rudimentar houve a reação dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio.
Bolsonaro pediu desculpas. Disse que não foi ele quem postou, mas de alguém que tem acesso a conta de Twitter dele. Lamentável esse episódio.
O presidente disse que ia fazer uma retratação maior.
Bolsonaro deveria ir a posse – não sei se já decidiu ir – do presidente argentino, Alberto Fernández. Primeiro, porque terminou a campanha eleitoral. O próprio Macri, que foi derrotado, já o recebeu em um café da manhã. Os dois estão conversando.
A transição está sendo muito amistosa e fraterna. O presidente recém-eleito chamou o Macri de irmão, vejam só. Então o presidente do vizinho do norte (Bolsonaro) bem que poderia dar uma recuada na campanha em que ele se meteu apoiando Macri.
O novo presidente da Argentina também. Em campanha ele veio visitar o ex-presidente Lula e entrou no Lula Livre em Curitiba. Fernández afirmou que Lula está preso injustamente. Os dois presidentes precisam resolver isso porque Brasil e Argentina estão juntos.
Os empresários brasileiros que exportam para a Argentina estão preocupados. Tem gente que exporta veículo e autopeças que disse que o importador argentino falou que o Fernández é um moderado e que ele é pela economia de mercado e pelo equilíbrio fiscal.
Os calçadistas gaúchos estão preocupados também, porque se houver populismo como o congelamento e o aumento de salário, como falaram, vai ser ruim para os exportadores brasileiros. Medidas populistas são a fórmula da implosão do país.
O Brasil é o primeiro fornecedor da Argentina e a Argentina, depois de China e Estados Unidos, é o terceiro maior fornecedor do Brasil. Então não há interesse nenhum em quebrar essa relação, que tem que ser pragmática. Os dois precisam deixar de lado as divergências políticas.
Na terça-feira houve um debate envolvendo companhias aéreas brasileiras. Os CEOs da Latam e da Gol, o secretário de Transporte Aéreo Civil e o superintendente da Anac estavam presentes.
Foi falado sobre o futuro da aviação brasileira, que é um mercado muito competitivo. Elas estão na altura das demais companhias aéreas do mundo, mas estão sofrendo muito com os altos custos do Brasil e com a judicialização, que é a nova mania brasileira. As companhias aéreas são processadas pela meteorologia ou por conta de um drone que interrompe as decolagens. Ao mesmo tempo, os impostos são altos, o querosene no Brasil tem uma carga fiscal muito grande. Parece que tudo isso está se encaminhando para ser resolvido. Assim, nós teremos condições de estimular o turismo inclusive, desde que ofereçamos segurança pública para quem quiser nos visitar e para nós brasileiros. No dia 7 de novembro vai ser retomado o julgamento da prisão em segunda instância no STF. O noticiário disse que o presidente da Corte, Dias Toffoli, está inventando uma terceira saída. Ficamos morrendo de medo de uma invenção de um presidente do Supremo.
Da última vez que um presidente da Casa, a época Ricardo Lewandowski, inventou algo foi no julgamento de Dilma e acabou rasgando pelo meio o parágrafo único do artigo 52 da Constituição. Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Lewandowski liberou a presidente impedida a participar de eleição. Isso foi uma agressão à Constituição gravíssima. São coisas do Brasil, jabuticabas brasileiras.”
Por Marco Aurélio