Jesus compara Arrascaeta a Aimar e diz que Libertadores não era sua prioridade inicial no Flamengo
Jorge Jesus mudou sua prioridade desde que chegou ao Flamengo. Em entrevista concedida ao site oficial da Libertadores, o técnico rubro-negro admitiu que o foco principal em seus primeiros momentos no clube era a conquista do Campeonato Brasileiro, mas a Libertadores tomou a frente após a classificação sofrida contra o Emelec, pelas oitavas de final do torneio continental.
– (A classificação) vai me fazer mudar muita coisa. O meu pensamento era o contrário. A Libertadores era muito importante, mas não era o foco número um. Já vi que é o foco número um, e tenho de pensar bem nisso.
– Depois de chegar aqui eu entendi (a obsessão pela Libertadores). Antes, não entendia. Achava que para eles o mais importante era o campeonato (Brasileiro). Porque na Europa, como disse, na minha formação, o principal é ser campeão do seu país. Aqui, não. Aqui é a Libertadores. Agora, depois dessa eliminatória (com o Emelec) é que percebi isso. Nós europeus tratamos o campeonato nacional em primeiro lugar. Depois vem a Champions.
O português elogiou o elenco rubro-negro e destacou o talento de Arrascaeta, fazendo comparação com Aimar. Para ele, o argentino foi o melhor jogador sul-americano com quem trabalhou.
– Pablo Aimar via as coisas à frente. Eu tenho um jogador um pouco parecido na minha equipe, que é o Arrascaeta, como ele. Antes de chegar a bola, o Aimar já sabia o que fazer com ela. O Pablo Aimar jogava de costas, como se pudesse ver. Quando tinha a bola, ele era um pensador de jogo acima do normal.
Veja alguns outros trechos de destaque na entrevista de Jorge Jesus:
“Capitão ideal” no Flamengo
– Ainda não tenho, mas normalmente em minhas equipes eu tenho… Normalmente é o capitão, que é a cara da minha equipe, que transmite aos jogadores a ideia do que tem de ser, a do treinador, estou habituado a ter capitães muito fortes, do ponto de vista de liderança do grupo. Às vezes tem capitão da equipe que é jogar a moeda para o alto e escolher o campo onde joga. Isso para mim não é capitão. Para mim exige muita coisa, e ainda não encontrei esse jogador que possa fazer isso dentro de campo.
– O Diego era um jogador que pensei que poderia fazer, jogador de personalidade muito grande, um líder, um bom profissional, esteve na Europa, conhece uma mentalidade de trabalho um pouco diferente, era para ele que eu estava apontando as minhas baterias. Mas, infelizmente, com a lesão dele, tenho de procurar outro.
Elogios a Gabigol
– Agora o conhecendo, ele é melhor do que eu pensava. Tem aprendido muito. O Gabigol tem umas características de jogador e é um jovem. O Gabigol não vai ficar muito tempo no Flamengo, acho que não vai ficar. Se continuar a jogar nesse nível, futuramente um daqueles clubes na Europa que têm muito dinheiro vai contratar. Ele é um jogador que é muito inteligente, sabe os momentos certos para a procura do espaço para finalização.
– É um jogador que arrisca muito o jogo dele, tem velocidade. Hoje, como atacante, se não tiveres velocidade, por mais técnica que tenhas, não tens muita capacidade para chegar ao top. Só se fores um centroavante dentro da área que não precisa correr muito e faz muito gols, isso valoriza. Agora, se chegares fora da área, que é a característica do Gabi, é muito agressivo.
Recepção do elenco ao método de trabalho
– O Brasil tem sido uma surpresa. Tu não sabes, mas nós na Europa temos a ideia – eu não tanto, porque já trabalhei com quase 700 jogadores brasileiros – de que o jogador brasileiro não gosta de trabalhar. Que o jogador brasileiro não é bom profissional. Eu vim encontrar no Flamengo tudo ao contrário disso. Uma equipe muito unida, jogadores muito profissionais.
– Desde que cheguei não teve um jogador que chegasse atrasado. Ninguém é multado, e eu disse assim: bom, o próximo jantar serei eu que vou pagar. Não há multas… Porque as multas são para eles, para fazer jantares, para alguém que esteja com alguma dificuldade… Em Portugal e na Europa a gente faz muito isso, ajudar… Tem um caráter social. Mas aqui ninguém é multado, não há caixa (risos). O Flamengo é uma equipe que tem me surpreendido muito no profissional.
Os melhores sul-americanos de cada posição com quem trabalhou
– Um lateral-direito tive o Max (Pereira), da seleção do Uruguai. Dois zagueiros, neste caso, apontava três: Luisão, David Luiz e Garay… Lateral-esquerdo é mais difícil, talvez quem esteve melhor comigo foi um português, mas também o Guilherme Siqueira. Depois, o primeiro volante, não é sul-americano, mas pra mim é o melhor volante do mundo, é o Matic. Talvez o Enzo Perez, argentino. Depois, como segundo, ai teria de ser Pablo Aimar. Rodrigo, que está na seleção da Espanha. Saviola, Dí Maria e Ramires. O goleiro talvez o Julio César, que já foi no fim da carreira dele.
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