Camila Pitanga mantém contato com família de Montagner
Camila Pitanga viveu uma tragédia em 2016, quando o parceiro de cena Domingos Montagner se afogou enquanto os dois nadavam em um trecho do rio São Francisco durante um intervalo das gravações da novela “Velho Chico” . Em entrevista à revista “Marie Clarie”, a atriz se emocionou ao falar sobre o acidente. “Lido com essa dor até hoje, mas o tempo é guardião, no sentido de você amadurecer e respeitar essa dimensão do mistério que é a vida. O que aconteceu não obedece a uma lógica. Me dei esse ano para colocar em prática algumas reflexões que eram até anteriores, de como lidar com o tempo, o trabalho, a vida familiar. Para uma pessoa workaholic, foi interessante ver que, no simples, a gente pode se fortalecer”, disse.
Atriz mantém contato com família de Montagner
Camila disse também que mantém contato com Luciana Lima, mulher de Domingos, que já comentou o processo do luto. “Fiz questão de ir à casa do Domingos contar à família o que aconteceu naquele dia. Eu sentia que toda às vezes que eu contava, ainda que tivesse muita emoção e dor, tirava de um lugar… Essa questão de afogamento lança imagens. Cada um cria um repertório, que é pior do que se passou. Senti que eu acalmava as pessoas ao contar. Mantenho contato com a Luciana, mulher do Domingos. Em meio a essa dor, ter o respeito dela foi uma das coisas mais comoventes que vivi. Luciana me transmite muita força. É uma grande mulher. A família, como um todo, tem sido de um respeito, me acolheu na dor, entendeu. Isso me fortaleceu bastante”, afirmou.
Camila e Domingos decidiram ir ao lugar do acidente por acaso
Camila detalhou ainda como aconteceu o acidente que tirou precocemente a vida do ator de 54 anos. “O Domingos, o Gabriel Leone e eu tínhamos combinado de irmos, juntos, tomar um banho no rio. Domingos e eu gravamos de manhã e ficamos no set, esperando o Gabriel, que ia gravar um pouco mais. Estava muito quente e, como ele estava demorando, a gente decidiu se adiantar: fomos pegar as roupas de banho, e ficamos em contato por telefone. No caminho, vimos em frente ao hotel, que ficava meio no alto de uma montanha, uma enseada. Fiquei até na dúvida se era um lugar particular, porque estava tudo novo, tinha barraca. As pessoas podiam estar ali, mas, como era dia de semana, estava vazio. A praia era muito tranquila. Não tinha marola ou nada que ensejasse ter algum perigo. Tanto que a gente mergulhou e estava tudo bem”, explicou.
Global não sentiu mudança na corrente da água
Segundo Camila, ela conseguiu chegar até Domingos para tentar ajudá-lo. “Quando nadamos em direção ao grande leito do rio, percebi, numas pedras, uma marolinha. Mas minha preocupação era com as pedras e falei: ‘Domingos, acho melhor voltar’, porque fiquei com medo de a gente se machucar. No que a gente tentou voltar, a gente nadava, mas não conseguia sair do lugar. Tive um momento de medo, mas disse: ‘Calma, Camila’, porque eu tinha uma noção de que tinha uma lateral toda de pedra. Ao invés de tentar lutar contra a correnteza, nadei para o lado, em direção às pedras, e falei: ‘Vem pra cá, é tranquilo’. Mas o Domingos me olhava e não falava nada. Fui até ele, o puxei, porque eu estava despreocupada, e disse: ‘Tô te falando. É só vir pra cá’, e voltei à pedra. Duas vezes tentei buscá-lo, mostrando que não tinha perigo, mas ele dizia que não conseguia. Na verdade, ele falou muito pouco. Na última vez que eu voltei à pedra, Domingos olhou muito grave, com um misto de… E ali eu entendi o perigo. Ele submergiu uma vez. Voltou. Não foi uma coisa desesperada. Ele fez um gesto assim de como quem diz: ‘não vai dar’, e não falou mais. Submergiu… E eu não o vi mais”.
Pitanga cita momentos de desespero vividos ao lado do artista
Sedada após o enterro de Montagner, Camila detalhou os momentos de pânico: “Quando o Domingos submergiu, entrei em total desespero. Alguma coisa me dizia que eu não podia mais ir ali. Tudo isso parece uma eternidade, mas foram segundos. Lembro de me bater, querendo me acordar. Comecei a chamar as pessoas no meu campo de visão. Tinha dois jovens, para quem eu gritei, que vieram num barquinho, e começamos a busca. Quando eu subi na embarcação, estava muito nervosa. Daí, entramos no leito do rio e foi um novo momento de entendimento, de compreensão do que estava acontecendo, porque, de cima, você via no grande leito, bolsões… Intimamente eu entendia que talvez a gente não o encontrasse. Depois passei o dia inteiro no meu quarto, de onde dava para ver o rio. Foi uma agonia”.
Fonte:Purepeople