Urnas são abertas para eleições legislativas na Espanha
Cerca de 37 milhões de espanhóis vão às urnas neste domingo (28) para definir o Parlamento do país. Durante a semana, as projeções de jornais locais indicaram um cenário indefinido, onde dois partidos mais tradicionais terão quantidade muito próxima de cadeiras.
As pesquisas também apontaram que as siglas pequenas serão fundamentais para definir quem irá governar a Espanha.
O jornal “El País” fez simulações com dados de 26 diferentes institutos de pesquisas para tentar prever como será a distribuição de lugares no Congresso espanhol. Veja abaixo:
Simulações eleitorais — Foto: Guilherme Luiz/G1
A média das projeções aponta que, somados, os partidos de orientação social-democrata e de esquerda terão 159 lugares. Os liberais e de direita, 154. Enquanto isso, as agremiações regionais ou pequenas devem conseguir 32.
Para conseguir ter maioria no Legislativo, é preciso controlar 176 cadeiras. São 350 lugares, no total.
Outro jornal, o “El Mundo”, publicou uma página interativa com diferentes pesquisas, e o resultado é parecido: os maiores partidos de esquerda e direita, sozinhos, não conseguem formar maioria.
Da esquerda para direita: o primeiro-ministro Pedro Sanchez (PSOE); Pablo Iglesias (Podemos); Albert Rivera (Cidadãos); Santiago Abascal (Vox); e Pablo Casado (Popular). — Foto: Fotos: Reuters
Por isso, mesmo depois que sair o resultado, ainda pode demorar semanas ou meses até que a Espanha conheça o novo primeiro-ministro.
A situação lembra o que ocorreu em Israel, no início do mês. Mesmo que o partido do oposicionista Benny Gantz tenha conseguido o mesmo número de assentos no Knesset, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu garantiu mais um mandato ao formar uma coalizão com mais da metade dos parlamentares.
Não era a intenção do primeiro-ministro Pedro Sánchez concorrer neste ano – as eleições espanholas estavam marcadas para 2020. No entanto, apenas oito meses depois de assumir o cargo, o premiê se viu obrigado a convocar novas eleições em 13 de fevereiro.
Na data, o Parlamento rejeitou a proposta de orçamento enviada pelo governo. Opositores admitiram que a manobra foi uma forma de dar um “voto de desconfiança” ao primeiro-ministro.
A incógnita do Vox
Caso os institutos de pesquisa estejam certos, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) sairá com o maior número de legisladores, enquanto o Partido Popular (PP) deve ficar na segunda colocação.
Assim, os analistas espanhóis preveem uma disputa menos previsível pela terceira força no Parlamento – o que será essencial para definir o próximo governo.
Há três agremiações que deverão ter votações significativas: Cidadãos (de centro-direita), Unidos Podemos (de esquerda) e Vox, um novo partido, o mais à direita do país, que tem uma plataforma anti-imigração.
Uma das questões que podem surpreender é a quantidade de votos que o Vox terá. As projeções colocam o partido em quinto, mas ele pode chegar a terceiro, de acordo com o “El País”.
“Há eleitores do Vox que podemos chamar de estridentes, mas também pode haver outros que têm receio de revelar seu voto ao serem entrevistados”, segundo o jornal espanhol.
Outra previsão é que a direita, de maneira geral, receba mais votos que o declarado aos pesquisadores dos institutos.
O Podemos também pode ter um desempenho melhor que o prognóstico. O líder do partido, Pablo Iglesias, teve desempenho elogiado nos últimos debates televisionados, e isso pode ter um efeito nas eleições também, de acordo com a mídia espanhola.
Quem é quem
Veja abaixo quem são os líderes dos cinco principais partidos das eleições espanholas.
– PEDRO SÁNCHEZ, Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), 47
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, lidera o Partido Socialista. — Foto: Juan Medina/Reuters
O partido do atual primeiro-ministro é o favorito para obter o maior número de cadeiras. No entanto, se a previsão se confirmar, ele precisará de apoios de outras siglas para continuar no governo.
Depois de obter um dos piores resultados para o socialismo nas eleições de 2016 e de ser destituído da liderança por sua sigla, Sánchez retomou as rédeas do PSOE em 2017. Em junho de 2018, ele chegou ao poder, depois de uma moção de censura contra o conservador Mariano Rajoy.
– PABLO CASADO, Partido Popular (PP), 38
Pablo Casado, que assumiu a liderança do Partido Popular após a deposição de Mariano Rajoy. — Foto: Susana Vera/Reuters
Em julho, Casado se tornou o líder mais jovem do Partido Popular, a tradicional sigla conservadora espanhola.
Ele teve êxito regional na Andaluzia, onde antes a esquerda costumava dominar as votações. Casado conseguiu isso ao formar um pacto com dois outros partidos: o Cidadãos, partido liberal, e o Vox, mais conservador e cético a políticas de gênero e imigração.
– PABLO IGLESIAS, Podemos, 40
O fundador do Podemos, Pablo Iglesias. — Foto: Juan Medina/Reuters
Nas eleições de 2015, o Podemos surgiu como terceira força no calor do movimento contra medidas de austeridade, representando os “indignados”. Porém, as pesquisas atribuem ao grupo metade das cadeiras obtidas nas últimas eleições gerais em 2016.
– ALBERT RIVERA, Cidadãos, 39
O líder do Cidadãos, Albert Rivera. — Foto: Susana Vera/Reuters
O programa do Cidadãos é de perfil liberal, mas o partido também defende a unidade do país (portanto, contrário ao movimento separatista da Catalunha). Ele já tentou formar aliança com Sanchéz, em 2016, mas agora rejeita essa possibilidade.
– SANTIAGO ABASCAL, VOX, 43
O líder do Vox, Santiago Abascal. — Foto: Sergio Perez/Reuters
Sigla ultranacionalista, anti-imigração e antifeminista. As sondagens lhe concedem, até o momento, mais de 10% dos votos em um país onde a chamada extrema direita era residual.
G1