Soja opera estável em Chicago nesta 4ª feira com “notícias insuficientes” sobre China e EUA
Os preços da soja testam leves altas nesta quarta-feira (27) na Bolsa de Chicago. Por volta de 8h30 (horário de Brasília), as cotações subiam entre 0,25 e 0,75 ponto, levando o maio a US$ 9,17 por bushel.
“As manchetes são insuficientes, os mercados querem um acordo”, resumiram os analistas da consultoria internacional Allendale, Inc.
Além da espera por informações mais concretas sobre o que esperam China e Estados Unidos nos próximos capítulos desta disputa, o mercado da soja também se comporta de forma técnica, buscando recuperar parte das baixas registradas no pregão anterior.
Além disso, fevereiro já está quase terminando e às vésperas do início de um novo mês, os traders buscam também estar bem posicionados na CBOT.
“Uma reconciliação política entre os Estados Unidos e a China parece entrar em descrença pela especulação. Além do mais, a suposta promessa chinesa de adicionar um total de US$- 30bi em novas compras de produtos agrícolas estadunidenses neste ano, já tem sido questionada por especialistas asiáticos, que afirmam não haver a viabilidade técnica”, explicam os analistas de mercado da consultoria ARC Mercosul.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja fecha em baixa na CBOT e promove queda de até 4% dos preços no Brasil
Os preços da soja recuaram na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (26) diante de uma combinação de ‘notícias negativas’ para o mercado. Os futuros da oleaginosa, nesse ambiente, fecharam o dia com perdas de pouco mais de 7 pontos e o maio/19 valendo US$ 9,17 por bushel. O agosto terminou o pregão com US$ 9,37.
Entre os fatores que estiveram presentes nessa sessão estão a boa conclusão da nova safra brasileira, a volta das chuvas na Argentina, além do avanço da peste suína pela Ásia, que tem comprometido a demanda pela oleaginosa.
Ainda assim, o que mais compromete o andamento das cotações na CBOT continua sendo a inconsitência das informações que chegam das relações entre a China e os Estados Unidos. Como explicou o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, “falta solidez às informações, a especulação se saturou com tantos rumores”.
Nesta segunda-feira (25), o Secretário de Agricultura norte-americano, Sonny Perdue, disse que “os EUA não serão comprados pela China pelo acordo com a soja, principalmente em relação às questões de propriedade intelectual”, e são essas, de fato, as que são ainda mais polêmicas e que travam a conclusão de um acordo entre as duas nações.
Mercado Brasileiro
O mercado no Brasil acompanhou as baixas observadas em Chicago e as intensificou nesta terça-feira, com perdas que chegaram a até 4,41% em algumas praças de comercialização no interior do país, como foi o caso de Itiquira, em Mato Grosso.
A estabilidade do dólar ajudou a limitar os preços, bem como a pressioná-los também nos portos. Em Rio Grande, a soja disponível fechou com R$ 77,00 por saca, recuando 1,66%, e em Paranaguá, com R$ 77,50, e queda de 2,27%. Para março, os valores ficaram em, respectivamente, R$ 78,00 e R$ 77,50, perdendo 2,26% e 1,90%.
Com esse movimento, os negócios novos da safra de soja que está sendo colhida no Brasil – os trabalhos de campo estão concluídos em pouco mais de 50% da área – também não evoluem, e apenas vendas feitas há alguns meses é que estão sendo cumpridas.
E a efetivação destes negócios resulta em números importantes para as exportações do complexo soja neste início de 2019.
Somente de soja em grão, nos 16 dias úteis de fevereiro, o Brasil já exportou 4.498,7 milhões de toneladas. A média nacional diária é de 281,2 mil toneladas, contra a já importante média de janeiro de 97,9 mil, além de ser maior também do que a de fevereiro do ano passado, de 159,1 mil.
“Já estamos com recorde histórico e, mantendo este ritmo, podemos fechar essa semana levando o mês a terminar com exportações de mais de 5,5 milhões de toneladas”, explica o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
No acumulado do ano são 6.652,8 milhões de toneladas da soja em grão até este momento, com mais quatro dias úteis para serem contabilizados do mês corrente, contra 4,4 milhões do total de janeiro e fevereiro de 2018. “No acumulado do ano também seguimos com recorde”, completa Brandalizze.