Setembro Verde tem programação especial de sensibilização para doação de órgãos e tecidos
A Central de Transplantes do Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho, tem programação especial para este Setembro Verde, mês em que se comemora o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado no dia 27. Segundo a enfermeira e coordenadora da Organização e Procura de Órgãos (OPO), Rafaela Caroline Brito Garcia, a comemoração começou nesta quinta-feira (20), no auditório do hospital.
“Além de um cerimonial em homenagem aos doadores com a presença de familiares tanto dos doadores, quanto dos receptores. Também iremos participar no próximo dia 25 da Semana de Prevenção de Acidentes no Ambiente de Trabalho, da Eletrobras, onde faremos uma atividade de educação e saúde com os funcionários. No dia 27 haverá um café da manhã no Hospital João Paulo II, em homenagem aos servidores envolvidos em todo o processo de captação. Já no dia 29, estaremos no Espaço Alternativo da capital, onde a Liga de Transplantes composta por acadêmicos de medicina e enfermagem vão panfletar, das 16h30 até as 19h, levando informações sobre a doação, sobre a legislação e sensibilização. Paralela a essa atividade, algumas equipes também estarão no aeroporto falando sobre a importância da doação”, conta a coordenadora.
Em Rondônia, os transplantes autorizados são os de córnea e rins. Até o último dia 17, foram realizados quatro transplantes renais, e 12 doações este ano. Em 2017, foram 19 doações durante todo o ano. Rafaela diz que a recusa tem média de 50% a 70%. “A nossa legislação não garante que a retirada de órgãos, mesmo que o paciente com morte encefálica tenha se manifestado anteriormente em qualquer documento como doador. Sempre é necessária a autorização da família. E nós fazemos a sensibilização e acolhimento da família para que a retirada seja feita dentro do tempo correto, mas a maioria ainda se sente frágil com a perda do ente e não consegue consentir com a doação. Essa é a nossa maior dificuldade”, explica a enfermeira.
No caso da doação de tecidos, o doador deve já estar falecido e as equipes médicas fazem a notificação para a Central sobre a parada cardíaca, o que deve ser feito em até seis hora para a retirada da córnea. “Nesse intervalo de tempo, que a chega notificação e há possibilidade de retirada do tecido, nós fazemos ainda a entrevista com a família, mas esbarramos na recusa dos parentes”, conta. Este ano, foram 602 notificações até o último dia 17, 68 recusas, de 163 entrevistas, sendo que 81 transplantes de córnea foram realizados.
Até o início de setembro, a fila de espera pelo transplante de rins em Rondônia era de 81 pessoas. Para córneas, a espera é de aproximadamente 130 pacientes, mas para a doação do tecido tem mais notificações, e é possível fazer a preservação do tecido no estado, no banco de olhos, desde 2016. “Lembrando que um paciente transplantado precisa de acompanhamento para o resto da vida. E nós damos esse suporte através da referência desse paciente diferenciado.
Segundo Rafaela, o tempo de espera para o transplante de rins é indefinido, já que a recusa é muito maior. “A família está em um momento difícil, de lidar com a perda do parente, e mesmo fazendo a entrevista e a sensibilização, muitas não doam por não saber se era vontade do paciente fazer a doação. É importante deixar claro para a família o desejo de doar, porque a gente nunca sabe do amanhã, e somente a família vai poder autorizar a retirada do órgão. Já para o transplante de córnea, o tempo de espera na fila fira em torno de seis meses”, esclarece a enfermeira.
O idoso Olímpio Vitor dos Santos, 78 anos, já passou pelo transplante de córnea por três vezes, em aproximadamente três anos. “Na primeira vez tive problemas, acredito que por causa de má alimentação. Retiram e colocaram uma só para segurar e o meu olho não ‘afundar’. Fiquei com essa provisória por um ano. Há oito meses, coloquei essa definitiva, e já consigo enxergar vultos, mas ainda não retirei os pontos, e estou muito feliz por perceber que aos poucos já está sendo restabelecida minha visão, e fiquei muito satisfeito com todo o procedimento e atendimento aqui no hospital”, declarou. A coordenadora explica que o período de recuperação varia de acordo com o paciente, e o restabelecimento da visão também é um fator variável, que pode acontecer logo nos primeiros dias ou demorar meses para acontecer.
Fonte:Secom