Opinião Jogo Aberto – 19 de Setembro de 2018
A eleição está chegando.
Estamos a poucos dias das eleições presidenciais, e até o momento há uma indefinição sobre quem vai para o segundo turno. Já sabemos quem não vai com toda a certeza, mas ainda é impossível imaginar quem serão os dois ungidos pelas urnas.
Nas últimas pesquisas, o candidato esfaqueado, Jair Bolsonaro, é apontado como o que tem maior chance de chegar ao segundo turno. Quando aconteceu o incidente em Juiz de Fora, que petistas fanáticos insinuaram ser fantasioso, a turma de adeptos do candidato do PSL chegou a bancar nas redes sociais que a vitória seria no primeiro turno.
Não foi bem assim. Houve crescimento, embora dentro da margem de erro, e a rejeição permanece alta. Bolsonaro chegou a ser apontado como um possível adversário de Lula num segundo turno. Se tal acontecesse, seria derrotado com facilidade. Agora as pesquisas mostram que venceria, apertado, mas venceria, o real candidato do PT, Fernando Haddad, a novidade das últimas pesquisas.
O petista cresceu com os votos dos lulistas e aparece agora como o mais provável segundo nome na próxima etapa da disputa. Há quem garanta até que ele tem uma votação mais consistente do que a do capitão do PSL. Pode ser, mas é preciso considerar que os dois têm algo em comum: são fruto do emocional.
Bolsonaro vinha em queda até encontrar uma rede involuntária com o atentado, que o estabilizou; já Haddad é filho da vitimização de Lula, que, aliás, ele promete indultar tão logo tome posse. Até quando o hospital e a cadeia vão segurar os votos dos dois é a dúvida.
No pelotão dos ainda com chances, Alckmin patina com um discurso insosso, que não entusiasma nem os convertidos, enquanto Ciro, como era perfeitamente previsto, tropeça na própria língua, deixando aflorar o que sempre foi – um político às antigas, coronelão do interior nordestino, dos que acreditavam resolver tudo no braço e com um Parabellum na mão.
Os demais – embora, ressalte-se, alguns com as propostas mais consistentes da campanha – são todos comparados a Emayel e Boulos. Sem qualquer chance de segundo turno. Inclusive Marina, que, exposta ao sol das campanhas, sempre derrete. Toda essa barafunda eleitoral sinaliza a necessidade de duas reformas urgentes. Ambas, infelizmente, de difícil realização. Precisamos de uma reforma política imediata e de uma mudança radical na cabeça do eleitor. O pior é que, sem a segunda, jamais conseguiremos impor a primeira, pois continuaremos a eleger gente compromissada apenas com seus interesses pessoais. Para essa gente, o ideal é que tudo permaneça como está, pois é assim que se distanciam os bons da vida política. Chafurdando na lama, têm os olhos fechados para o que ocorre a seu lado: o despertar de grupos ditos nacionalistas, que vão perdendo a timidez e ameaçam mudanças pela força, desrespeitando as regras democráticas. Grupos muito comuns nesta América Latina bolivariana.
Por Marco Aurélio