Opinião Jogo Aberto – 18 de Setembro de 2018
Com a palavra, os senhores candidatos.
Segue patrocinando ofensas e bravatas inúteis a campanha eleitoral, que nesta edição, de 2018, prometia ser menos desgastante e degradante do que vem sendo a atual.
Alcançados o PT e seus partidos aliados (MDB, PP, PTB e outros) – primeiro, com o impeachment de Dilma e, depois, com os louváveis efeitos do petrolão, prendendo suas principais lideranças e empresários apoiadores –, o que se imaginava é que, no prazo mais curto a que foi reduzido o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a participação do eleitorado se limitaria apenas a ouvir o show de promessas mentirosas que na maioria das vezes marca as eleições. Mas não.
Primeiro ressuscitaram rótulos quase esquecidos de tão velhos: esquerda e direita. Depois, a vigília contra o comunismo, que come criancinha frita.
Estão nas trincheiras os que defendem o que se chama de “o intransigente pensamento de direita” e, no lado oposto, os outros. Estes, os outros, são representados pelos comunistas que querem implantar o chavismo venezuelano, o castrismo cubano e a gula da China, acompanhados dos jornalistas da Rede Globo, de algumas facções da igreja, tudo liderado por Adélio Bispo, um psicopata cujo perfil querem apresentar como o de um representante de tudo que só a tal direita enxerga e combate. Só ela, que terá doravante o monopólio do enfrentamento da corrupção, das questões de gênero no ensino fundamental, da remuneração do trabalho da mulher, da legalidade do aborto, do uso de drogas, do porte e propriedade de armas (do direito à propriedade também sou) etc., etc., etc.
Excluída a guerra contra a corrupção, que deveria ser o repúdio de todos os brasileiros, são os demais os únicos problemas do Brasil?
Não se viu, como bandeira de nenhum dos candidatos, o chamamento ao compromisso de se propor a realizar a reforma da Previdência Social, cuja urgência está na garantia de realização de todas as demais obrigações da União. Não haverá dinheiro para a educação, para a saúde, para a segurança pública, para a manutenção e para os investimentos, ainda que mínimos, na infraestrutura viária.
Onde estão os candidatos que se comprometerão com a reforma política, para varrer do cenário o lixo em que se transformou o quadro partidário brasileiro? A que reforma tributária se propõem partidos e candidatos a quaisquer cargos, que poderá gerar o aumento da produtividade e da competitividade de nossos produtos industriais e de nosso agronegócio? O modelo de educação que temos é o mesmo que imaginam nossos candidatos para darmos cidadania a nossas crianças? Alguém lembrou a eles que em países emergentes se investe 4% do PIB e se têm incomparáveis resultados, especialmente com os do Brasil, que investe numa educação sofrível 6% de seu PIB? Ou vamos ficar apenas na denúncia dos livretos que falam da sexualidade infantil? Cadê a coragem dos bravos candidatos para abordar frontalmente a reforma do setor público, que consome cifras impagáveis, porque seus salários e privilégios são produto de articulações criminosas de muitas décadas passadas? Militares vão seguir se aposentando aos 49 anos e, no caso das Forças Armadas, deixando aposentadorias para suas filhas, das quais centenas não se casam no civil para não perder suas pensões?
Gritem, senhores candidatos. Protestem. Esta hora é de vocês.
Por Marco Aurélio