Opinião Jogo Aberto – 26 de Junho de 2018
Volta à realidade.
A não ser a violência praticada por ordem do monstrengo e indescritível abutre Donald Trump contra imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA – confinando covardemente crianças indefesas em jaulas frias de telas, todas apartadas de suas famílias –, a Copa reduziu os problemas do mundo às quedas de Neymar e ao pênalti perdido na cobrança mal feita por Lionel Messi.
No Brasil não tiveram lugar nas primeiras páginas dos jornais ações do Judiciário, tampouco as prisões, de sexta-feira, pontualmente praticadas pela Polícia Federal contra gestores públicos ou dirigentes de empresas estatais que malograram engordar seus patrimônios particulares com o auxílio de negociatas por eles contratadas. Nem as ONGs, muitas descaradamente fajutas e meras organizações caça-níquel, tornaram públicos agravos contra índios e suas imensas reservas, reservadas, muitas, para o comércio de madeira e para apoiar a cobrança de pedágios nas vias que passam por elas. Poucas coisas no Brasil são mais escandalosas do que as chamadas “políticas de proteção às comunidades indígenas”; em sua carona, ganhando corpo, já vêm sendo incentivadas as comunidades quilombolas.
Com ambas, grupos ganharão muito dinheiro: é uma questão de tempo, nos moldes de como se ganha com as criminosas e violentas invasões do MTST e dos sem-teto, dos eventualmente sem as tetas do tesouro. Perdem os proprietários de terras e de imóveis e o patrimônio público.
Mas nem tudo foi totalmente esquecido. Foi feita uma boa denúncia, nesses dias, formalizada em estudo encomendado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e publicada no “Estadão”, sobre a realidade de obras públicas de responsabilidade do governo federal, iniciadas Brasil afora e que, para serem concluídas, consumiriam perto de R$ 76 bilhões. São obras de infraestrutura e de geração de energia, escolas e hospitais, como, por exemplo, o Hospital do Câncer Infantil de Recife, similares a dezenas daquelas que governos passados financiaram com o dinheiro do BNDES – portos em Cuba, metrôs na Argentina, usinas na Colômbia, na Bolívia, na Venezuela, no Equador, na África –, com o fim único de gerar propinas. Hoje bem reveladas, estas foram devidamente pagas a políticos safados, alguns já presos, outros soltos, esperando andar seus processos, e outros escondidos dos oficiais de Justiça, mas que não estão esquecidos.
Então, que se abrevie a Copa, com o resultado que vier, para que nós, brasileiros, voltemos ao Brasil real. Se não for para comemorarmos o hexacampeonato, passada a competição, que possamos assistir à retomada inadiável de se passar o Brasil a limpo, com menos bandalhos empoleirados em cargos públicos. Amém.
Por Marco Aurélio