A cegueira dos ignorantes e o silêncio da multidão.
O que muitos brasileiros, sobretudo os mal-informados e os lulo-petistas, desconhecem ou fingem desconhecer é que os crimes de colarinho branco matam e promovem um verdadeiro genocídio no país.
Tudo bem que a corrupção não é novidade entre nós, mas isso não justifica o estardalhaço e a insistência com que se tenta passar por cima da lei, desqualificando juízes e o Poder Judiciário para salvar a pele de um mito com pés de barro e, por tabela, antigos aliados com foro privilegiado que estão na mira da Justiça.
A corrupção é irmã gêmea da má administração pública, onde incompetência e bandidagem andam de mãos dadas para saquear e infernizar o cidadão brasileiro.
As calamidades se multiplicam em ritmo assustador com a complacência de um Estado que perdeu o controle das políticas públicas, entregues a aliados políticos neófitos, e o monopólio do uso legítimo da força.
Violência sem limites, mortes no trânsito, surtos de dengue, zica, chikungunya e febre amarela não ocorrem por eventuais cortes de verba, e sim por mau uso e desvio de recursos da infraestrutura viária, da saúde, do saneamento, da pesquisa científica e da falta de monitoramento nos três níveis de governo. Numa visão para lá de otimista, já que exclui, entre outros fatores, os casos não notificados, uma pesquisa estima que a dengue custou aos cofres públicos cerca de R$ 2,3 bilhões só no ano passado.
Entre os muitos fatores causadores dessas epidemias encontram-se, na opinião de especialistas, o processo de urbanização descontrolado, a ausência de saneamento básico e a devastação das florestas. Mas a urbanização descontrolada não ocorre por acaso. É fruto de muitas barganhas e propinas, que levam as autoridades a fecharem os olhos para as barbaridades cometidas nas cidades brasileiras.
Planejamento? Nem pensar. É incompatível com a corrupção. Um pequeno exemplo é o caso do político baiano que levou à demissão de um ministro da Cultura que se negou a modificar norma que impedia a construção de um arranha-céu no centro histórico de Salvador.
Alguém tem dúvida de que a carnificina no Rio de Janeiro, onde só nos primeiros dias deste ano morreram cerca de 150 pessoas, entre elas 12 policiais militares, em mais de 300 tiroteios, seja fruto de décadas de administrações corrompidas? Sérgio Cabral é apenas a ponta do enorme iceberg que navega há décadas nas águas fluminenses e brasileiras.
Por alguma estranha razão, as multidões que saíram às ruas em 2013 e 2014 andam acomodadas e, tal como creem fazer verdadeiros amigos no WhatsApp, imaginam que esse aplicativo se incumbirá de substituí-las nas ruas. Não entenderam que a luta não se resume ao impeachment de Dilma e à eventual prisão de Lula. Ainda há muito por fazer.
Fonte; Por Marco Aurelio
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