Vacinação do idoso: quais você deve indicar ao paciente?
A vacinação é uma das principais ferramentas para prevenção e controle de doenças mundialmente. Podendo ser baseado em diversas plataformas para sua preparação, pode ter ação contra bactérias e vírus e apresentar diferentes restrições de acordo com características como faixa etária e presença de condições clínicas específicas.
Além de suas restrições, as vacinas podem variar em sua posologia. Enquanto algumas são administradas em dose única, outras são excluídas de doses complementares para compor o esquema primário. Outras ainda revisões de doses periódicas de reforço.
A seguir, discutimos algumas dessas especificidades e as possibilidades futuras de vacinas no país.
Primeira vacina contra VSR aprovada para idosos com mais de 60 anos
Para a definição das políticas nacionais de imunização, indivíduos acima de 60 anos são considerados idosos. Apesar de serem menos conhecidos, assim como as crianças, os idosos também possuem um calendário de vacinação específico.
O Ministério da Saúde recomenda, para a população geral acima de 60 anos, 3 vacinas, as quais estão disponíveis nas unidades de vacinação da rede pública de saúde, compondo o Calendário Nacional de Vacinação do Idoso. São elas: vacina Hepatite B, vacina Difteria e Tétano (dT) e Vacina Febre Amarela. Para profissionais de saúde, partes tradicionais e estagiários da saúde, há uma recomendação adicional de vacinação com a vacina Difteria, Tétano, Pertussis (dTpa).
Vacina Hepatite B: a vacina contra hepatite B é uma vacina recombinante, de administração IM, cujo esquema é composto por três doses (0, um e seis meses, com possibilidade de administração de um esquema acelerado com doses com 0, após um mês e após quatro meses) . Essa vacina também está incluída nos calendários de vacinação de crianças e adolescentes e dos adultos. Por esse motivo, recomendamos verificar o histórico de vacinação prévio de cada pessoa e administrar as doses necessárias para completar o esquema recomendado.
Vacina Difteria e Tétano (dT): trata-se de uma vacina inativada, que contém os toxoides diftérico e tetânico. Assim como ocorre com a vacina Hepatite B, a dT está presente nas recomendações para crianças e adultos e avaliação do histórico vacinal deve ser realizada. Caso o esquema não esteja completo, as doses remanescentes devem ser administradas. O esquema primário de imunização consiste em três doses de vacina, com dois meses de intervalo entre cada dose (0, dois e quatro meses). Além disso, há necessidade de doses de reforço a cada dez anos, a partir da última dose do esquema primário. Para a proteção contra o tétano, em casos de acidentes classificados como graves, recomenda-se a administração de dose de reforço se a última dose tiver sido há mais de cinco anos.
Vacina Difteria, Tétano, Coqueluche acelular (dTpa): vacina inativada que, além dos componentes de toxoides diftérico e tetânico, contém componentes da cápsula da bactéria Bordetella pertussis, agente causador da coqueluche. Enquanto o Ministério da Saúde recomenda essa vacina para grupos específicos (profissionais de saúde, partes tradicionais e estagiários da saúde), a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) recomenda, para todos os indivíduos com mais de 60 anos, pelo menos uma dose com dTpa e que os reforços – também a cada dez anos – também sejam realizados com dTpa uma vez que o esquema esteja primário completo.
As recomendações adicionais da SBIm incluem a antecipação da administração de dose de reforço para cinco anos após a última dose para idosos que sejam contactantes de lactentes, evitando a transmissão de coqueluche para os últimos, e a substituição de dTpa por dTpa-VIP em casos de viagem para países endêmicos para poliomielite.
Vacina Febre Amarela: vacina atenuada, de administração SC, recomendada em todo o território nacional desde 2020. Atualmente, o esquema recomendado pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) é de uma única dose, por toda a vida, mas a SBIm mantém a recomendação de administração de uma segunda dose após dez anos. Embora raro, como há risco aumentado de desenvolvimento de eventos adversos graves, para os com 60 anos ou mais que nunca foram vacinados, recomenda-se avaliação individualizada pesando os riscos de desenvolvimento da doença. Para a emissão do Certificado Internacional de Imunização e Profilaxia (CIVP), exigido em alguns países, é importante estar atento que a vacina deve ser administrada com, pelo menos, de dias de antecedência em relação ao dia da viagem. Doses fracionadas não são aceitas para esse fim.
Além das vacinas indicadas no PNI, a SBIm recomenda outras vacinas aos idosos. Embora alguns estejam disponíveis na rede privada, outros são oferecidos na rede pública de saúde para grupos específicos, considerados de maior risco. Essas vacinas disponíveis estão nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) de cada estado.
Vacinas pneumocócicas: são vacinas inativadas, conjugadas ou polissacarídicas, de administração intramuscular. A SBIm recomenda a vacinação rotineira de idosos com as vacinas pneumocócicas, preferencialmente observando-se o esquema de uma dose de VPC13 ou VPC15, uma dose de VPP23 com 6 a 12 meses de intervalo e uma dose de reforço de VPP23 após 5 anos da vacina anterior. Para quem já recebeu 2 doses de VPP23, recomenda-se uma dose de VPC13 ou VPC15 com intervalo de pelo menos 1 ano em relação à última dose. Se ambas as doses de VPP23 foram administradas antes dos 60 anos, há recomendação adicional de uma terceira dose, com intervalo mínimo de 5 anos da última dose.
As vacinas pneumocócicas estão disponíveis no CRIE para indivíduos pertencentes a grupos de risco, como os seguintes:
– Pessoas vivendo com HIV.
– Pacientes oncológicos.
– Transplantados de órgãos sólidos ou de células hematopoiéticas.
– Asplenia anatômica ou funcional.
– Fístula líquida.
– Nefropatias crônicas, hemodiálise, síndrome nefrótica.
– Pneumopatias crônicas (exceto asma intermitente ou persistente leve) e asma persistente moderada ou grave.
– Cardiopatias e hepatopatias crônicas.
– Doenças neurológicas crônicas incapacitantes.
– Diabetes mellitus.
Vacina Herpes Zoster
A vacina disponível atualmente é inativada e é recomendada pela SBIm de forma rotineira a partir dos 50 anos de idade, inclusive para indivíduos que já tiveram episódios anteriores de herpes zóster. O esquema consiste em 2 doses, administradas por via IM, com intervalo de dois meses entre elas. A vacina é indicada para prevenção do desenvolvimento do herpes zóster e da neuralgia pós-herpética. Para quem já apresentou herpes zóster, recomendamos esperar pelo menos 6 meses para a administração da vacina, mas é possível vacinar logo após a resolução do quadro em casos em que se desejar evitar perda de oportunidade vacinal. Já para os previamente vacinados com a vacina atenuada de herpes zóster, recomenda-se a administração da vacina inativada, respeitando-se um intervalo de pelo menos 2 meses entre as vacinas. A vacina Herpes Zóster está disponível somente na rede privada até o momento.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Vacina inativada recombinante, IM, administrada em esquema de dose única, independente da sazonalidade. Está indicada de forma rotineira para todas as pessoas com 60 anos de idade ou mais, especialmente aquelas que pertencem a grupos de risco, como as que apresentam cardiopatias, pneumopatias, diabetes mellitus, nefropatias e hepatopatias. Disponível somente na rede privada.
Os idosos frequentemente estão incluídos na população alvo de campanhas de vacinação específicas, de acordo com a situação epidemiológica. Veremos essas vacinas a seguir, juntamente com outras vacinas que serão mencionadas de doses de reforço.
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Autor
Infectologista pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) ⦁ Graduação em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro