A Arterite de Takayasu (TAK) e a Arterite de Células Gigantes (ACG) são os protótipos das vasculites de grandes vasos. Nessas condições, o uso de exames de imagem pode ser particularmente útil, uma vez que eles possuem resolução suficiente para a detecção e caracterização das alterações fenotípicas resultantes do processo inflamatório vascular.
Atualmente, as modalidades mais utilizadas nessa avaliação são a ultrassonografia (US), a angiotomografia (angioTC), a angioressonância (angioRM) e o PET scan com TC ou RM (PET-CT ou PET-RM). Devido à grande complexidade na escolha das melhores modalidades para cada contexto nesses casos, a European Alliance of Associations for Rheumatology (EULAR) publicou uma atualização das suas recomendações a respeito do uso de exames de imagem nas vasculites de grandes vasos.
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Métodos
O projeto foi aprovado pelo conselho da EULAR. A Task Force foi liderada por 2 reumatologistas e 1 metodologista e incluiu 24 membros (reumatologistas, radiologistas, especialistas em medicina nuclear, internistas, epidemiologistas e representantes dos pacientes). Foram realizadas revisões sistemáticas utilizando a estratégia PICO sobre o papel do US, RM, TC e FDG-PET no diagnóstico, avaliação de atividade de doença, predição de desfecho e padrões técnicos para realização dos exames de imagem.
Princípios gerais
Para pacientes com ACG, a solicitação precoce de exames de imagem é recomendada para suportar o diagnóstico clínico da doença, desde que seja realizado por pessoal com expertise e que não atrase o início do tratamento.
Para qualquer uma das doenças, o diagnóstico por imagem deve ser realizado por pessoal com treinamento apropriado e equipamentos com requisitos técnicos adequados, visando uma otimização dos resultados.
Para pessoas com alta probabilidade pré-teste de ACG, o diagnóstico pode ser feito exclusivamente pela imagem, sem necessidade de biópsia adicional. Para pacientes com baixa probabilidade pré-teste e exames de imagem negativos, o diagnóstico de ACG pode ser considerado improvável. Para os demais casos, esforços adicionais devem ser realizados para o diagnóstico correto.
Recomendações
Nos pacientes com suspeita de ACG, o exame de primeira linha para investigação de inflamação mural e, consequentemente, para o diagnóstico é a US de artérias temporais superficiais e auxiliares. Para avaliação de inflamação mural nos vasos cranianos, alternativas a essa modalidade são a angioRM de alta resolução ou FDG-PET combinado com TC ou RM.
Para avaliação de grandes vasos, o FDG-PET combinado com TC/angioTC ou RM/angioRM pode ser utilizado como primeira linha. As alternativas são angioTC ou angioRM isoladas.
Nos pacientes com suspeita de TAK, a angioRM deve ser utilizada como exame de imagem de primeira linha para o diagnóstico, já que permite a identificação de inflamação mural e alterações estruturais. O FDG-PET (combinado com TC ou RM) pode ser utilizado como alternativa. O US tem capacidade limitada de avaliação da aorta torácica.
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A angiografia convencional não é mais recomendada para o diagnóstico da ACG ou da TAK, já que foi suplantada pelos demais métodos. A angiografia deve ser reservada para casos que necessitam de intervenção endovascular.
Caso haja suspeita de reativação de ACG e TAK e os biomarcadores sejam inconclusivos, US, FDG-PET ou, alternativamente, angioRM podem ser utilizados para avaliar atividade de doença. A realização de exames de imagem de rotina em pacientes com remissão clínica e laboratorial não é recomendada.
AngioRM, angioTC e US podem ser utilizados para monitorar o surgimento de lesões estruturais nos vasos, particularmente naqueles previamente inflamados. No entanto, a periodicidade da avaliação ainda não foi definida.
A descrição do detalhamento técnico dos exames fogem do escopo deste texto e podem ser consultados no artigo original.
Comentários
As recomendações EULAR são importantes por apresentarem, de maneira didática, o racional para solicitação dos exames imagens nos pacientes com ACG ou TAK. É fundamental que médicos que lidem com esse tipo de pacientes estejam atualizados para que façam o uso judicioso da imagem nos pacientes com vasculites de grandes vasos.
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Autor
Editor-chefe de Clínica Médica da PEBMED/Whitebook • Professor de Reumatologia da Universidade Federal de Juiz de Fora • Chefe do serviço de Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora • Membro da Comissão de Síndrome Antifosfolípide e da Comissão de Vasculites da Sociedade Brasileira de Reumatologia
- Dejaco C, Ramiro S, Bond M, et al. EULAR recommendations for the use of imaging in large vessel vasculitis in clinical practice: 2023 update. Ann Rheum Dis. 2023. DOI: 10.1136/ard-2023-224543
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