Ditadura de Ortega envia padres e bispos para exílio no Vaticano
A ditadura da Nicarágua, comandada por Daniel Ortega, libertou neste domingo, 14, dois bispos católicos, além de 13 padres e três seminaristas, e os enviou para o Vaticano. Inclui a lista o bispo Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de detenção pelo regime nicaraguense.
Entre os libertados, também estão o bispo Isidoro Mora e outros padres detidos desde dezembro. As informações foram confirmadas por outros párocos que estão no exílio, como Uriel Vallejos, e outros ativistas.
Em publicação nas redes sociais, Vallejos afirmou que Ortega e sua esposa, a primeira-dama e vice-presidente Rosario Murillo, que também chefia a Suprema Corte de Justiça do país, pretendem “deixar a Nicarágua sem padres”.
“Outro avião cheio de pastores do povo para o exílio”, escreveu o pároco. A imprensa que acompanha a situação na Nicarágua, a partir da Costa Rica, afirma que o avião com os religiosos já chegou a Roma.
Ortega persegue opositores
A repressão à Igreja Católica na Nicarágua, iniciada após as manifestações de 2018, reflete o esforço do regime de Ortega para silenciar vozes opositoras. O governo enxerga a Igreja, que apoiou as demandas por reformas democráticas, como um desafio ao seu controle autoritário.
Símbolo da resistência contra a ditadura nicaraguense, o bispo Rolando Álvarez Lagos foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão depois de se recusar a embarcar num avião com 222 presos que foram libertados e enviados para os Estados Unidos, em fevereiro de 2023. Para liberá-los, os detidos foram despojados de sua nacionalidade e privados de seus direitos políticos.
Álvarez Lagos foi o primeiro bispo a ser preso e condenado desde que Ortega voltou ao poder, em 2007.