OPINIÃO JOGO ABERTO : 12/06/2017
Janot em fúria.
As manobras pela queda de Temer parecem não ter fim. Não há como negar que existe um movimento direcionado que manobra pela queda do presidente com uma intensidade jamais vista. Se o ímpeto do procurador geral fosse o mesmo durante o governo Dilma, dificilmente ela teria resistido. De acordo com aquilo que circula em Brasília, a próxima cartada de Rodrigo Janot é denunciar Michel Temer como chefe de uma organização criminosa.
“Pau que dá em Chico, também dá em Francisco”, disse o procurador durante sua sabatina no Senado Federal em 2015, quando foi indicado para permanecer no cargo por Dilma Rousseff. Passados dois anos, vemos que era apenas uma frase de efeito. Aquele que parte com força total para cima do presidente da República, parece nunca ter enxergado traço de crimes contra a presidente impedida no cargo por infração contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele tampouco enxergou infração quando ela nomeou Lula como chefe da Casa Civil apenas para fornecer-lhe foro privilegiado, obstruindo a Justiça. Naquele momento, Janot nada viu, nada fez.
Com Temer a postura é diferente. Um pedido de investigação diante de um áudio que sequer passou por perícia e oriundo de um dos mais generosos e questionados acordos de colaboração premiada que a Justiça brasileira já conheceu. O grupo beneficiado pelo ajuste é um dos símbolos da era petista, que cresceu impulsionado pela concessão de dinheiro público sob os auspícios do BNDES. Ao mesmo tempo, a investigação cai nas mãos do ministro Edson Fachin, que é apontado pela imprensa de ter circulado pelo parlamento acompanhado por executivo do mesmo grupo econômico nos dias que antecediam sua confirmação para o STF. Tudo muito estranho.
Diante da vitória de Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a artilharia de Rodrigo Janot começa a mirar em uma nova frente jurídica com o objetivo de desgastar ainda mais o governo. O oferecimento de denúncia contra o presidente, entretanto, possui um rito próprio e precisará de autorização da Câmara dos Deputados para abertura de processo. Dificilmente esta frente irá avançar, mas com este movimento, o procurador envolve-se na política, embaralha ainda mais a pauta do Congresso Nacional, atrasando a agenda de votação de reformas e adia cada vez mais os movimentos de recuperação econômica importantes para o país.
Vivemos tempos estranhos. A fúria de Janot pode se tornar um elemento de desestabilização da operação Lava Jato. Oferecer investigação contra o presidente da República baseada em prova que sequer passou por perícia da Polícia Federal, enfraquece os demais inquéritos já em curso contra outros políticos, pois coloca em xeque todo um modelo de procedimento investigatório. No ímpeto de atingir Temer, Janot alimenta a ira dos políticos e fornece combustível para ações que podem atingir todos os esforços vindos de Curitiba. Uma questão pessoal não pode estar acima dos interesses de toda sociedade. Janot deve perseguir a verdade, jamais os holofotes, que acabam por cegar a Justiça.
Fonte : Por Marco Aurelio