Cuba começou a administrar massivamente em Havana, como “estudo de intervenção”, a mais avançada de suas vacinas candidatas contra a covid-19, “Soberana 02”, que este mês deu início à última fase de ensaios clínicos nos quais sua eficácia será determinada.
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O estudo, iniciado esta semana, envolverá 150 mil pessoas — quase metade dos profissionais da saúde do país — e será desenvolvido paralelamente à etapa final dos testes da “Soberana 02” em que participam 44.010 voluntários, também em Havana.
Um estudo semelhante deverá ser autorizado em breve na parte oriental da ilha, utilizando a vacina candidata Abdala, que também acaba de iniciar sua última fase de testes clínicos.
Tanto “Soberana 02” como “Abdala” são vacinas de subunidade baseadas no local de ligação ao receptor (RBD) da proteína S do vírus.
A Agência Efe teve acesso nesta quarta-feira (24) a um dos centros de saúde onde são realizados tanto o estudo de intervenção, como a terceira fase de testes da potencial vacina, dentro da estratégia cubana de combinar simultaneamente estudos diferentes para avaliar a eficácia do medicamento.
Na policlínica de ensino Mártires del Corynthia, a candidata “Soberana 02” será inoculada em 1,8 mil voluntários na fase 3 do ensaio e 560 no estudo de intervenção. Estes últimos são todos funcionários do próprio posto de saúde, explicou à Efe, o diretor Aurolis Otaño.
Com esta intervenção, começa o roteiro das autoridades sanitárias cubanas, que ontem anunciaram que nos próximos três meses serão realizados vários “grandes estudos”, a maioria deles focados em Havana e nos quais serão utilizados tanto “Soberana 02” como “Abdala”.
A diretora nacional de Ciência e Inovação Tecnológica do Ministério da Saúde Pública, Ileana Morales, afirmou na televisão estatal que até maio, 1,7 milhão de pessoas com mais de 19 anos na capital, que tem 2,2 milhões de habitantes, terão recebido a vacina experimental.
Com isso, pretende-se analisar “a eficácia, segurança e impacto na incidência e na doença”, disse, apostando que até junho será aprovado o uso emergencial de uma das duas potenciais vacinas, o que permitiria começar a campanha de vacinação generalizada.
Apesar da elevada percentagem da população envolvida nestes estudos, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, esclareceu na véspera que “não se trata de uma campanha de vacinação”.
“Estaremos na fase três de ensaios clínicos e em um estudo de intervenção, com vacinas candidatas, não vacinas. Não é uma campanha de vacinação. Os resultados que elas produzirão, que esperamos sejam os mais positivos, nos levarão a uma campanha massiva de vacinação nos próximos meses”, disse o presidente, durante reunião governamental.
Cuba, que acumula 68.986 casos e 405 mortes até o momento, passa por uma terceira onda desde janeiro, com 10 de suas 15 províncias e o município especial de Isla de la Juventud em fase epidêmica, com média diária entre 700 e 900 infecções.
Além da “Soberana 02” e “Abdala”, instituições científicas cubanas estão investigando outras três fórmulas que estão em estágios intermediários de estudo.
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