Bolsonaro diz que ‘não errou nenhuma’ medida contra a pandemia
Com 191 mil mortos pelo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que “não errou nenhuma” medida no combate à pandemia.
A declaração foi feita após ele participar, por pouco mais de cinco minutos, de uma partida de futebol beneficente, no estádio do Santos, Vila Belmiro. O jogo foi transmitido ao vivo pela TV Brasil.
Abaixo de 40 anos, quase ninguém contrai (o coronavírus). Ou se contrai, é assintomático. Para que esse pavor todo? A vida tem que continuar. Eu não errei nenhuma (medida no combate à pandemia). Quando eu zerei o imposto da vitamina D, vocês me criticaram – afirmou o presidente.
Bolsonaro se irritou quando perguntado sobre o vice-presidente, Hamilton Mourão, que está com Covid-19.
– O vice é maior de idade, vai. Não fica me enchendo o saco, não. Eu já mandei um recado para ele. Falei “missão: tome hidroxicloroquina” – disse.
Bolsonaro também defendeu a aliança de seu governo com partidos do centrão e comparou o bloco ao time do Santos, clube do qual ele vestia camisa naquele momento.
– Agora, é muito fácil falar do centrão, né? São 513 deputados federais. O centrão é praticamente metade. Se eu não tiver apoio deles, eu não posso sonhar em travar uma proposta de emenda à Constituição. E eu fui do centrão no passado. Essa história de genericamente querer desqualificar parlamentares, não é por aí. Igual ao time do Santos aqui. Se um ou outro jogador jogar mal, eu não posso falar mal do time todo – declarou.
Camisa 10
Vestindo a camisa número 10, Jair Bolsonaro fez um gol na partida, após passe dentro da área de William Batoré, jogador formado pelo Santos e que atualmente defende o Rio Branco-PR.
A partida Natal Sem Fome é organizada desde 2005 pelo técnico Narciso, com o intuito de arrecadar alimentos e brinquedos para instituições de caridade da Baixada Santista.
A edição 2020 da partida beneficente contou com a participação de ex-jogadores do clube. O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, esteve presente na Vila Belmiro, vestindo a camisa do clube, mas não entrou em campo.
Ao lado de Clodoaldo, ex-volante do Santos e da seleção brasileira, presidente arriscou comentar sobre racismo e disse que “é chato viver no Brasil”. Em seguida, reproduziu uma piada racista:
– Falam muito em racismo no Brasil. Eu vi uma entrevista dele (Carlos Alberto Torres, capitão da seleção brasileira na conquista do tricampeonato mundial em 1970) falando que, no intervalo (da partida), ele chamava um negão, e o negão resolvia. Hoje falar negão é crime. É chato viver no Brasil. Nós estamos acostumados a nos tratar dessa maneira. O Hélio Negão é meu irmão, e ele mesmo disse que demorou um pouquinho mais para nascer, e nasceu queimadinho. (Hoje) tudo é preconceito, racismo. Tem que acabar com isso – afirmou.
Vacina
Mais cedo, antes de embarcar para Santos, Bolsonaro cobrou os fabricantes de vacinas contra a Covid-19 por ainda não terem feito pedido de uso emergencial ou de registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente afirmou que o Brasil é um “mercado consumidor enorme” e que a responsabilidade de disponibilizar a vacina é do “vendedor”, e não dele.
— O Brasil tem 210 milhões de habitantes. Um mercado consumidor, de qualquer coisa, enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles, então, não apresentam documentação na Anvisa? Pessoal diz que tenho que…Não, não. Quem quer vender…Se eu sou vendedor, eu quero apresentar — disse Bolsonaro a apoiadores, no Palácio da Alvorada, antes da viagem.
Enquanto quase 5 milhões de pessoas já receberam doses de vacinas contra a Covid-19 em todo o mundo, Bolsonaro voltou a dizer que não está preocupado com a “pressão” em torno do tema e que a vacinação não pode ser feita “correndo”.
Fonte:YAHOO