Entregou os pontos? Witzel desiste de fazer defesa presencial contra impeachment na Alerj
O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, desistiu de comparecer presencialmente na sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) desta quarta-feira (23) que vai votar o relatório a favor do impeachment do ex-juiz.
Segundo informações obtidas por Rachel Amorim e Leandro Resende, da CNN Brasil, a decisão do governador de não se encaminhar à sede do Legislativo fluminense pegou de surpresa até assessores do governador. Ele vai falar diretamente do Palácio Larajeiras, por videoconferência.
O governador tem direito a uma hora de discurso para apresentar sua defesa no processo que tramita na Alerj e passará pelo crivo dos 70 deputados estaduais nesta quarta. O relatório foi aprovado por unanimidade em comissão especial na última quinta-feira (23).
Para o deputado Carlos Minc (PSB), o destino de Witzel “está definido” e “a dúvida é se será unânime ou não”. Renan Ferreirinha (PSB), que integrou a Comissão do Impeachment, afirmou que a presença do governador não muda a situação e ironizou a “falta”: “A presença ou ausência de Witzel não altera em nada a situação. Diante de tantas informações contra ele, acho difícil que algum parlamentar o defenda. Witzel disse que viria e não veio. Disse que ia governar, mas não governou”, declarou.
A líder do PSOL, Dani Monteiro, disse ainda que seria uma surpresa a ida do governador. “Enquanto foi governador, poucas vezes se dispôs a uma relação republicana e respeitosa com a ALERJ. Com base em elementos e provas materiais avançamos no afastamento de uma figura caricata e centrada em si mesmo, que ignorou e violou os votos de confiança que recebeu da população fluminense. Hoje, a Alerj corrige a precipitação de seu afastamento monocrático pelo STJ. Wilson Witzel está plenamente ciente de que sofrerá uma derrota na Assembleia Legislativa. Voltará suas atenções para ações judiciais e ações junto ao Tribunal Misto”, afirmou.
Segundo o texto assinado pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SDD), o governador teria vulnerado mecanismos de controle “sob o falso argumento de atendimento do interesse público”. “Penso ter o Exmo. Governador agido dolosamente no atendimento do interesse privado, deixando o Estado do Rio indefeso e a população desassistida”, afirma.
A expectativa é que o governador seja afastado pela Alerj em mais uma votação devastadora. A denúncia foi admita por 69 votos a 0 e não seria surpreendente se o resultado viesse a se repetir na votação do afastamento. A próxima etapa do rito do impeachment seria a formação de um tribunal misto composto por parlamentares e desembargadores para analisar a perda do mandato.