Trancos e barrancos .
Os eleitores pediam a saída do presidente, mas os deputados, que os representavam, acharam que não, e Michel Temer vai continuar na Presidência da República, quem sabe até o final do ano de 2018.
Por 263 a 227 votos, a Câmara dos Deputados engavetou a denúncia da PGR contra Temer até 2019, não dando licença ao Supremo para que ele seja processado por corrupção passiva. Temer ganhou um salvo-conduto.
Em questão estava a hipótese de o presidente ter cometido crime quando já estava no exercício da Presidência. Atraído a uma cilada por um parceiro, Temer teve gravadas conversas inconvenientes e indecorosas.
A defesa do presidente alegou que as gravações foram feitas ilegalmente. Mais contundentes, porém, foram as gravações, feitas pela Polícia Federal, de um deputado recebendo uma mala cheia de dinheiro.
O parlamentar era próximo de Temer. Apesar disso, os deputados concluíram que o país não aguentaria a substituição de mais um presidente e votaram política e fisiologicamente, ao custo de R$ 4 bilhões em emendas.
A votação transmitida pela televisão fez jus à Câmara baixa que temos. Em meio a gritos e empurrões, jogaram dinheiro falso para o alto, e alguém chegou a saudar uma deputada com a aclamação de “gostosa”.
Um picadeiro seria mais comportado. Os deputados agiram como se estivessem votando um novo impeachment. Era a oportunidade para aparecerem na televisão, mostrando como atuam para seus respectivos eleitorados.
A oposição não aplicou a estratégia de esvaziar o plenário. A vontade de aparecer foi maior. Acabou contribuindo, com seu radicalismo, para o “enriquecimento” do folclore político que vem sendo escrito a cada oportunidade.
O presidente Temer não cantou vitória, mas afirmou que quem venceu foi o Estado democrático de direito. As regras até foram cumpridas, mas a que custo só o tempo poderá medir.
Fonte: Por Marco Aurelio